Tu tens é muita mania!
Desde que me ensinaram a escrever que adoro fazê-lo. Já vos falei aqui em alguns posts de como, durante muito tempo - e se calhar em certas situações continuo igual -, eu ou era a melhor ou nem sequer tentava. Fazia-me impressão, essa coisa de experimentar algo sem saber se vamos falhar. Não percebia como é que tanta gente fazia isso. E se gozassem comigo? E se eu caísse? E se me ralhassem? Agora imaginem estas perguntas a gritar aos ouvidos de uma criança de seis anos. Esta é daquelas coisas que não posso apontar o dedo a ninguém. Não posso escolher um momento na vida e dizer "foi aqui que tudo começou" ou "foi por causa de pessoa X que comecei a pensar nestas coisas". Fui eu, sozinha, que tão pequenina fomentei em mim o medo de falhar.
Mas isto tudo a propósito de aprender a escrever. Estava talvez no segundo ano e lembro-me que a maior alegria da minha vida era ser das melhores a ler e a escrever. Lembro-me que gostava de ajudar os colegas que tinham mais dificuldades porque não queria que os meninos maus tivessem desculpa para gozar. Era isto que me fazia querer ir para a escola - mais especificamente, para as aulas - todos os dias. Houve um dia em que a professora nos deu uma pequena banda desenhada da Formiga e da Cigarra e pediu-nos para escrever uma história ao olhar para os desenhos. Se tivesse o mínimo de jeito, ainda hoje conseguiria reproduzir aqueles bonecos - nunca mais me sairam da cabeça. Escrevi e lembro-me de que quando pus o último ponto final, senti algo incrível. Estava mesmo orgulhosa do que tinha feito. Resultado: fui para o placard da sala e esse foi para mim, naquela altura, o melhor dia de sempre.