O impensável aconteceu: pela primeira vez desde que tenho este blog que não tenho um tema específico que vos queira falar hoje. Pensei em falar-vos da minha aventura de hoje com as minhas sandálias novas, mas talvez fique para amanhã - embora ache que vá dar um post engraçado, daqueles mesmo de white girl problems. Também são precisos uns desses de vez em quando, não é?
Em vez de falar hoje sobre o meu dia com as minhas sandálias novas acho que devia aproveitar esta "falta de tema" para fazer um post que já vem com algumas semanas de atraso - até parece que foi de propósito. "Vá Marta, tens que dizer essas palavras mais dia menos dia!" e por isso cá estou! Hoje, venho agradecer. Devem achar que ando numa fase muito grata da minha vida - e por acaso estão certos - mas hoje não agradeço ao Salvador. Agradeço-vos a todos vocês.
Eu tenho um dom maravilhoso que quem gosta dessas coisas diz estar associado ao meu signo: cismar nas coisas. Pensar demasiado, mas aquele demasiado mesmo a sério ao ponto de estar sempre a reparar em certas e determinadas coisas por algo que eu tenha ouvido. Em dias mesmo maus pode até chegar ao extremo de eu achar que ouvi, de achar que vi, de achar que senti. Juro que não sou louca, a sério, não percam a esperança em mim! Prometo que me vou tentar explicar o melhor possível.
Isto é uma coisa em que trabalho há já alguns anos e acreditem que está mesmo muito melhor. Não sou assim em relação aos outros, não vou bater em porta alheia a contar o que ouvi, não acrescento ponto qualquer em nenhuma história. Confio nas pessoas, gosto das pessoas e por isso, no que toca aos outros tento ser a pessoa mais compreensiva que me é possível ser. A coisa muda de figura quando é para falar de mim própria e, por exemplo, sobre o meu corpo.
Eu sei que já venho um bocado atrasada, mas não foste só tu a ter um fim de semana em cheio. Por essa razão e com as devidas desculpas, venho humildemente oferecer-te as minhas palavras sobre o que fizeste na noite de 13 de maio de 2017. Ainda bem que não lês o meu blog, que assim talvez não tenhas dado tanto por este atraso, mas a verdade é que a inquietação de te escrever começou ainda ontem, mais propriamente a partir das cinco e meia da manhã. Hoje foram vários os momentos em que disse "porra pá, devia ter-me levantado da cama e ter escrito logo tudo o que me estava a vir à cabeça!". A sério que tive ideias fantásticas sobre a forma como te diria tudo o que tenho para dizer. Se esta carta não sair assim tão bem, culpo somente a minha preguiça de sair da cama quase às seis da manhã.
Como não lês o meu blog, não sabes que recebi os meus dois primeiros comentários negativos no post em que falei de ti. Achei engraçada essa coincidência. Um dos comentário era de um anónimo que com muito poucos modos me pedia para meter o Benfica num sítio, no mínimo, desagradável. O outro, também de um anónimo, desabafou sobre o facto de não entender a onda de apoio que surgiu em teu redor, apelidando-te de "neurose social". Apesar de ter adorado o termo, não percebo como é que se pode chamar isso quando o gosto é, à partida, uma coisa pessoal. Eu adorei-te enquanto intérprete do "Amar Pelos Dois" e por isso partilhei com quem me lê. Essa tal "neurose social" só mostra que o povo português se calhar já não é tão kitsch e já não precisa de gritaria ou grandes performances para se deixar levar por uma música.
Alguém que me mande dois gritos. Preguem-me uma chapada bem dada. Insultem-me até. Uma desgraça, foi o que isto foi!
Terminei o mês de março toda contentinha comigo mesma porque tinha conseguido ler cinco livros, coisa que nunca me lembro de ter feito. Li livros fantásticos e finalmente tinha percebido que quando se quer mesmo arranjar um tempo para ler uma boa história, esse tempo faz-se. Em março, eu tinha-me sentido uma ilusionista que de alguma forma tinha parecido sacar mais umas horas da cartola. Foi com muito entusiasmo que comecei o mês de abril, pronta para me aventurar na segunda obra de Kafka: O Processo.
Nunca tinha lido nada do autor, até ter experimentado A Metamorfose, que adorei. Se leram a minha crítica sabem que esse foi um dos livros mais curiosos que já li. Com pouco mais de cem páginas, foi uma leitura daquelas que possivelmente vou aconselhar a qualquer pessoa que me pergunte o que achei. Por isso, achei que estava pronta para ler um livro como O Processo. Na minha crítica à obra A Metamorfose, alguém comentou que este (O Processo) iria ser um desafio. Bem amigos, e que desafio!
Que o país quase pára quando há feriados, já todos sabemos. Que, caso houvesse um pseudo-feriado por causa da vinda do Papa, o país ía parar, também não é novidade para ninguém. Mas porra, para isto eu não estava mesmo preparada.
Confesso, quando soube que íamos ter cá o Papa Xico, fiquei logo a pensar que gostava de ir. Em 2007 tive a sorte de ir com a escola até ao Vaticano e tivemos uma audiência com o Papa Bento XVI. Também sou daquelas que, quando se fala no Vaticano e na excessiva grandiosidade de cada recanto e de cada membro da igreja que vemos por lá, fica um pouco céptica em relação ao facto de ali, a igreja parecer sobretudo uma máquina de fazer dinheiro. No entanto, não deixou de ser uma experiência fantástica. Fui educada no seio da fé católica e apesar de todos os defeitos que se possam apontar, também tem coisas muito boas que já me ajudaram muito e um dia vou criar também assim os meus filhos. Para além disso, apesar de não ter sido o meu Papa preferido, o senhor foi muito simpático.
Há coisa de um mês falei-vos aqui da minha nova missão para as semanas que então se seguiam: ser capaz de distribuir todas as fitas que tinha para dar. Passado esse mês e estando agora a exatamente dez dias do dia da minha benção das fitas, posso-vos dizer que falhei redondamente nesta minha missão. Vá, talvez a palavra "redondamente" pode aqui ser um bocado hiperbólica, porque fui adiando e agora olho para a minha latinha das fitas - é linda, até diz "Parabéns Finalista" - e estão lá três ou quatro.
A fita que ia para o estrangeiro, ficou em terra. O tempo voou e mesmo que enviasse, jamais iria chegar cá a tempo. Prefiro deixá-la na minha secretária, à espera que esta amiga do coração volte para me escrever uma mensagem. Outras, são daquelas pessoas com quem mantemos o contacto via redes sociais e telemóvel, mas com quem é raro estarmos. Aqui, a culpa é dos horários tão diferentes, uns a trabalhar, outros a estudar na margem sul e fica difícil de nos vermos. Já aceitei o facto de que esta semana vou ter que pegar no carro e fazer um porta a porta.