Não sejam reclinadores!
Ando de autocarro todos os dias da semana, à exceção - para bem da minha sanidade mental - do sábado e do domingo. Durante os restantes dias da semana faço quatro viagens diárias: duas de manhã e duas ao fim do dia. Parece muito? Isso é porque é mesmo. Parece horrível? Isso também é porque é mesmo. Ainda por cima, como apanho os mesmo autocarros todos os dias - se o canídeo da minha rua não me apavorar, obrigando-me a perder o autocarro - tenho o azar de estar sempre naqueles únicos que não têm internet. Nem assim me consigo distraír do que se vai passando à minha volta.
Acho que não é preciso estarmos a falar daquela queixa que, embora legítima e ainda relevante, já é clássica: as pessoas que desconhecem a existência dessa invenção maravilhosa que foram os fones. Achei durante muito tempo que isto era um problema das novas gerações - estando, em muitos casos, a minha própria ainda incluída - mas depois de um verão a andar de transportes públicos descobri que, neste caso, a idade não importa nada. À pala de um senhor nos seus setentas, que apanha um dos autocarros em que vou, já tenho um vasto conhecimento naquilo que me parece ser música coreana.