Aprendi com o irmão mais velho
A brincar, a brincar, já é talvez o segundo post cujo título fala do meu irmão. Nas últimas duas semanas é também a segunda vez que falo dele e da sua influência em vários aspetos da minha vida. A melhor parte é que não exagero nem sequer romantizo a coisa. Deve ser apenas uma das várias vantagens, não só de ter um irmão, como ter um irmão onze anos mais velho. Já falei aqui de como ele me mostrou grandes clássicos do cinema, passando-me essa paixão, ao ponto de hoje ser eu a dar-lhe sugestões para ver. Outra das coisas que sofreu muita influência do meu irmão foi a música. O engrançado é que, pelos vistos, foi uma influência retardada que só agora se está a refletir a sério.
Quando eu nasci, o meu irmão tinha 11 anos. Quando ele entrou na adolescência eu já andava pela casa a dançar e a cantar Santa Maria e Excesso. Como também já tinha vocabulário suficiente para expressar os meus gostos mais ou menos formados, lembro-me de lhe perguntar muitas coisas sobre as músicas e sobre as bandas que ele e os colegas do Colégio ouviam. Os anos foram passando e o meu irmão esqueceu-se de carregar no botão do "refresh" e continua a ouvir muitas das músicas que ouvia nessa altura.
Obviamente que isto lhe valeu muitas horas de gozo. Cada vez que surgia Eros Ramazzotti ou Phil Collins no rádio do carro dele, ou cada vez que ele me pede para gravar um CD - sim, ele ainda grava CDs - e as músicas são sempre as mesmas, não se livrava de um "mas não foram feitas músicas novas nos últimos vinte e tal anos??". Às vezes custava-me a perceber como é que ele simplesmente não se fartava de estar sempre a ouvir os mesmos artistas. Agora já começo a perceber um bocadinho a magia da coisa.
Na sua grande maioria, falo de artistas e bandas bem característicos dos anos 90. Visto que só vivi cinco anos nos anos 90 e depois comecei logo a virar para o lado das Britneys e Jennifers desta vida, aquelas bandas e aquelas músicas que o meu irmão ouvia todos os dias, passaram-me bastante ao lado. Mesmo com o meu irmão a ouvi-las toda a vida, não lhes dava grande importância. Comecei a gostar de música bem mais pesada, depois passei para o hip hop e hoje, por incrível que pareça, vejo-me cheia de nostalgia a ouvir músicas que o irmão aprovará certamente quando ler este post. Até é capaz de me ligar.
É engraçado como determinadas músicas nos remetem para as memórias de outros. No meio dos transportes públicos, dei por mim a reencontrar músicas que me fizeram relembrar momentos em que eu ainda não tinha idade para fazer memórias. Nenhuma das músicas que ouvia me remetia para um momento específico, mas sim para uma época. Fizeram-me, simplesmente, lembrar a minha casa e a minha infância, mesmo que, na altura, não fosse eu a carregar no play. Fizeram-me lembrar as vezes em que o meu irmão punha a música mesmo muito alta no quarto quando os meus pais não estavam, e eu achava aquilo extremamente escandaloso. Para a Marta com os seus 4 ou 5 anos aquilo era viver o limite... com música ligeira de fundo.
Estas músicas que agora estou a colocar na pen que tenho no carro fizeram-me lembrar as vezes em que ainda não sabia ler português, mas agarrava nos CDs que o meu irmão tinha no quarto e tentava ler os nomes das músicas (em inglês). Hoje, até já cheguei ao ponto de ouvir certas músicas e me lembrar das palavras que eu dizia em pequena para substituírem a letra original. É engraçado que, depois de tanto tempo de gozo, agora seja eu a encontrar estas músicas e a pensar "mas que som, há anos que não ouvia isto!", quando na realidade, nunca ouvi verdadeiramente.
Claro que ao longo da minha vida fui ouvindo muitas músicas de bandas desta altura, sobretudo de U2, que foram sempre uma presença bastante assídua cá em casa. Mas não sei, parece que agora é ligeiramente diferente, é tudo o que me apetece ouvir e parece que lhes dou um valor renovado. O mais engraçado é que ainda sei a letra de grande parte delas.
Escusado será dizer que, mais uma vez, fico em casa de coração partido por nem sequer ter conseguido sonhar com a hipótese de ver U2 ao vivo, de tão rápido que foram os bilhetes. No entanto, temos sempre vídeos fantásticos como esse aí de cima e muitos DVDs cá por casa. Já não é mesmo nada mau e arrepia na mesma. Acontece que, com o meu irmão a fazer anos em abril, tinha sido uma prenda do caraças - para mim e para ele! Fica para a próxima, puto!
Agora que os anos 90 estão tão na moda, com o pessoal a voltar a usar bolsas à cintura, quais as vossas músicas preferidas desta altura? É que ouvir isto até me deu vontade de ir ressuscitar o meu querido iPod! No entanto, para quem não tem um iPod dos velhinhos para ressuscitar, espreitem este artigo que tanto gozo me deu a escrever, em que vos sugiro várias plataformas online para ouvirem e descobrirem novas músicas (que não são o Spotify!) - aqui! Hoje, segue-se uma tarde de trabalho para a faculdade e de redescoberta de mais algumas músicas que gritem pelo nome do meu irmão, em versão adolescente.
Anos 90 é (Sinónimo de) Carmezim.
Marta.