Bater de frente
Tal como todos vocês já sabem - foram tantos os posts em que me queixei disto -, tenho que andar em autocarros da carris nos dias em que vou trabalhar. Tal como partilhei com vocês também, a minha adaptação à nova rotina do estudar e ter o estágio foi um bocadinho complicada para o meu sistema nervoso, sobretudo por causa do tempo. Acho que nunca consegui chegar a horas, aquele verdadeiro a horas que eu tanto tento perseguir - mas que me foge sempre. Ou estou lá uma hora antes, ou quinze minutos depois. Já fez mês e meio que lá estou e percebi que tinha que me mentalizar disto.
Felizmente, tenho a sorte de trabalhar num sitio onde compreendem que não moro ali ao lado e desde o primeiro dia que me deixam mais do que à vontade para não andar com esses stresses. Eu no fundo ainda os tenho, mas estão mais controlados porque é uma coisa que foge realmente ao meu controlo. Comecei a preocupar-me mais com o ser o mais produtiva possível quando lá estou, e na realidade, é isso que importa.
Num destes dias, há cerca de duas semanas - já sem stresses de tentar chegar a horas - lá estava eu, à hora do costume, na paragem onde apanho sempre o meu autocarro da carris. O relógio marcava 13h32, e o autocarro parte daquela paragem às 13h40 - perfeito, ainda tenho tempo de ler um bocadinho enquanto espero!
Olho para a estrada e vejo o meu autocarro chegar para a minha paragem - que é a primeira de todas -, igual a sempre. Até aqui, tudo normal... mas eis que o meu cérebro decide parar. Ou pelo menos ter um tempo de reação demasiado lento.
Ora, eu sei que aquela é a primeira paragem. Sei também que, no autocarro de volta, a última paragem não é aquela, mas sim a anterior. Desta vez, dirijo-me para a beira da estrada e olho para o número do autocarro: está certo, é este o meu. Mas o que vinha escrito ao lado do número, não era o sítio para onde ele ia, mas sim o nome da paragem onde eu me encontrava - não sei se me fiz entender.
Naqueles cinco segundos lembro-me de ter pensado "ah, este deve estar a chegar agora". Não estiquei a mão para o mandar parar e como esta era a primeira paragem, não estava ninguém lá dentro para mandar parar o autocarro naquela paragem. Conclusão: ali fiquei, feita estúpida, a ver o autocarro passar. Quando o vi cortar para seguir caminho, o meu cérebro acordou e pensei "porra, sua estúpida, ele só se esqueceu de mudar o nome. Quando ele vem de lá para cá, nem sequer passa nesta paragem." Nesse dia fiquei na paragem mais 25 minutos, 35 no total, porque fiquei a ver - não navios - mas autocarros. Cheguei quase uma hora atrasada ao estágio.
Olhando para a minha vida agora, é assim que me sinto. Sinto que a vida é um autocarro, e das duas uma: ou acordo tarde demais e bato de frente com o autocaro; ou acordo a tempo, mando parar o autocarro, tento arranjar o meu lugar e faço uma viagem tranquila.
Fora o que partilhei no post anterior, neste momento falo sobretudo do meu problema eterno: tempo. Com tudo o que aconteceu nos últimos dias, tudo o que tinha organizado fazer foi como que adiado e a verdade é que mesmo se tivesse tentado fazer as coisas a que me tinha proposto, não as ia fazer bem. Portanto, neste momento, fora as coisas giras que tenho pensadas para o blog, estou dividida entre trabalho-académico e trabalho-trabalho. O pior é que não posso passar nenhuma para segundo plano porque o sucesso numa, é sinónimo de sucesso noutra.
Hoje avizinha-se uma noitada de trabalho-académico. Amanhã, um dia de trabalho-trabalho. À noite, espero sinceramente puder vir partilhar com vocês o que tenho a dizer sobre 13 Reasons Why, que já não me aguento para fazer esse post. Nos entretantos, devo ler, dar beijinhos ao meu Rapaz e andar menos stressada com a vida. Ou com os autocarros, depende do ponto de vista.
Stressar com o tempo é sempre (Sinónimo de) Carmezim.
Marta.