Breves palavras sobre "o melhor filme do ano"
Hoje vai ter que ser assim. Curto e grosso, ao contrário do tipo de post que costumo fazer. Sendo esta uma segunda feira que está a ser passada a correr de um lado para o outro, é com muita pena que não faço já hoje um post detalhado sobre 90ª Cerimónia dos Oscars. Já sabem que é uma das noites por que mais aguardo e por isso, tenho muito a dizer. Mas não há tempo para o fazer hoje, fica para amanhã. No entanto, não conseguia não deixar aqui algumas palavras relativas ao vencedor de Melhor Filme, A Forma da Água.
Eu tentei. Tentei mesmo, mesmo, mesmo dar o benefício da dúvida a este filme. Foi um dos primeiros filmes que vi este ano e mesmo quando só lia ou ouvia críticas negativas, eu tentava mesmo defendê-lo. Fi-lo porque gosto muito do senhor Del Toro e porque adorei o discurso que ele fez quando ganhou o Golden Globe para melhor realizador. Achei muito bonita a justificação dele para gostar tanto de monstros e de nos querer fazer gostar deles também. Gostei da parte em que ele diz que as duas forças mais moldáveis no mundo são a água e o amor e por isso ele quis fazer um filme que juntasse as duas. Ele queria fazer um filme que fosse uma forma de dar voz àqueles que não a têm, figurativa e literalmente. Ora, não acham isto bonito? Eu acho muito.
Por achar, eu tentei mesmo lidar com este filme. Fiz uma review aqui no blog e acho que esse meu "tentar" se percebeu. Não tinha adorado, não achava que tivesse captado a verdadeira intenção do realizador e do argumentista, MAS... estava a fazer um esforço. O filme tem realmente muitos pontos positivos, mas houve tanta coisa que achei despropositada e que por vezes me fez sentir mesmo desconfortável, que acabava por ser só estranho no seu todo. Conseguia ver o valor e o mérito do realizador e por isso, tal como acontecera nos Golden Globes, esperava e até estava a torcer para que Del Toro vencesse o prémio de Melhor Realizador. A verdade é esta: não esperava mais que isto, nas grandes categorias.
Eis que aquilo que para mim era impensável aconteceu e eu nem vos conto a azia com que fiquei. Foi como perder uma final depois dos 90 minutos. Ficou ali o esforço de se estar acordada até às cinco da manhã a lidar com uma emissão que deixou muito a desejar, para depois ser A Forma da Água a levar o prémio mais importante da noite para casa. Claro que se é nomeado, isto era um cenário que estava sujeito a acontecer, mas a verdade é que ninguém me preparou para isto! Não ganham os Golden Globes, na red carpet só falavam de Três Cartazes à Beira da Estrada e de Get Out para melhor filme e depois é isto.
Fiquei mesmo chateada. Isto é tudo subjetivo, mas.... melhor filme do ano? DO ANO?! Como é que um filme - e aqui fazendo uso de uma das piadas de Jimmy Kimmel - sobre o facto dos homens terem errado tanto com as mulheres que elas começaram a enrolar-se com peixes, pode ser considerado melhor que um Três Cartazes à Beira da Estrada, que um A Hora Mais Negra ou até mesmo de um Chama-me Pelo Teu Nome? Para mim, é uma ideia inconcebível e hoje só posso revirar os olhos sempre que me perguntam o que achei do vencedor.
Eu tentei, Forma da Água. Eu tentei mesmo perceber-te, até apreciar-te... mas era preciso esticar a corda desta maneira? Amanhã, menos revoltada com este resultado que me deu logo dores de cabeça, planeio escrever um post só sobre as coisas de que mais gostei numa das minhas noites preferidas do ano! E vocês, o que acharam?
Desilusões são (Sinónimo de) Carmezim.
Marta.