Cascatas aos meus ouvidos
Enquanto estou em casa tento ter algum tempo reservado para trabalhar. Escrever no blog, responder a emails, tirar fotografias, fazer trabalhos da faculde - tudo isso é entendido como trabalho que devo fazer enquanto estou em casa. Basicamente, é uma forma de aproveitar enquanto não tenho um trabalho fora de casa, das 9h às 17h, que vai fazer com o tempo que dedico a tudo o resto seja menor. E depois com isso vêm os nervos. Depois a ansiedade de estar a ficar para trás. Depois as insónias. Depois um choro ou outro. É uma bola de neve, por isso há que aproveitar enquanto as coisas estão calmas. Para contribuir para essa "calmaria" toda enquanto trabalho, está o Spotify.
Sendo que passo grande parte do tempo que dedico ao trabalho completamente sozinha em casa, o Spotify é a minha companhia. Com ou sem fones, enquanto estou sentada aqui de onde vos escrevo, até à hora da novela (e às vezes até depois disso), estou SEMPRE a ouvir música no Spotify. Para algumas pessoas sei que resulta em distração, mas para mim funciona precisamente ao contrário. Ajuda a ficar, como se diz em inglês, in the zone. Se for para escrever no blog sobre temas mais sérios ou sobre uma opinão, ajuda a que me expresse melhor. É, basicamente, uma das melhores invenções de sempre.
Já falei aqui várias vezes dos meus gostos musicais e, mais recentemente, da minha renovada obsessão pelos anos 90. Todas as playlists que o Spotify tem com "90s" no título, já as decorei todas. Deu para relembrar grandes clássicos e, sobretudo, para saber como raio se chamava aquela música que ouvíamos tantas vezes, mas que nunca soubemos quem a cantava. Depois de muitas tardes a trabalhar enquanto ouvia playlists dos anos 90, passei a adorar grande parte das disponibilizadas no modo "Focus". Gosto de todas, menos das electrónicas, que me irritam mais do que relaxam. Descobri que gosto de trabalhar a ouvir música clássica graças a estas playlists. Mais recentemente, descobri outro tipo de playlists do Spotify que deduzo serem bastante recentes: sons do ecossistema.
Se por um lado já vos falei aqui várias vezes sobre música, nunca vos falei de ansiedade. Hoje também não é o dia em que vou falar sobre isso em detalhe, mas digamos que, em mim, a ansiedade é algo que se começou a manifestar há alguns anos e que, felizmente, está muito melhor agora. No entanto, ainda cá está, embora saiba lidar melhor com isso. Hoje, por exemplo, é um desses dias - daqueles em que a ansiedade me veio bater à porta. Dói-me a barriga, começo a transpirar do nada, estou constantemente a tremer a perna direita, já fiz umas quantas paragens desde que comecei a escrever este post, sinto uma constante vontade de respirar fundo e sinto o coração a bater mais rápido e mais forte que o costume. O facto de ter uma imaginação muito fértil também não ajuda: imagino logo o pior cenário, no qual eu sou a razão para estar tudo mal. Óbvio que isso só só faz a minha perna tremer mais ainda - é outra bola de neve. O que é que isto tem a ver com o Spotify?
Tudo, e ainda mais com as playlist de sons do ecossistema. Existem vários - sons da floresta, da cidade -, mas os meus preferidos são os sons do oceano. Não faço a mais pequena ideia de como gravaram isto. Se estiverem de fones então, é mesmo impressionante a clareza com que ouvem cada som. Tanto, que acho que se colasse um papel de parede no lado de fora das minhas janelas com uma praia paradisíaca e metesse isto a bombar nas colunas, ia acreditar que estava nas Fiji. Hoje estou a trabalhar e a ouvir sons do mar enquanto respiro fundo para ver se me ajuda a esquecer este peso que sinto. Não estou a meditar, mas pelo menos já me ajudou a chegar ao fim deste post - já cumpriu, pelo menos, parte do seu objetivo.
Um pormenor que ainda não consegui descodificar: não sei se as minhas corridas à casa de banho, que já foram várias na última hora, são fruto da ansiedade e de estar nervosa ou se são por estar a ouvir água correr há tanto tempo.
Nervos sempre foram (Sinónimo de) Carmezim.
Marta.