Corpo de flamingo, pé de elefante
É exatamente assim que me sinto: uma autêntica flor de estufa. Uma pessoa tempa participar, tenta ser mais espontânea e até um pouco mais "aventureira" (se é que se pode usar essa palavra neste contexto)... mas simplesmente parece que não dá. Não fui feita para isso. Ultimamente tenho ouvido o podcast do Pedro Teixeira da Mota e muitas vezes ele usa a expressão "corpo de flamingo", e depois de ontem é mesmo isso que eu acho que tenho: um corpo de flamingo que, pelos vistos, nem sabe lidar com uma tarde a jogar às escondidas no pinhal.
Se leram o meu post de ontem sabem que tive um domingo diferente e muito bom, em família. Sabem que fui para um parque de campismo fazer uma almoçarada daquelas, sabem que me fartei de correr e sabem até que joguei às escondidas ao fim de uma eternidade de anos. Durante esse jogo (que foi para lá de divertido!), digamos que fiquei muito competitiva. Deteste perder, sobretudo contra os meus primos porque como sou uma das mais velhas, eles adoram todas as vitórias que conquistem. Obviamente que não poderia deixar que isso acontecesse a jogar às escondidas.
Pois bem, para não ser apanhada (mas fui sempre, fui sempre lenta e barulhenta demais) andei deitada na terra, agarrei-me a arbustos e abracei outros tantos troncos de pinheiros. Estava calor, ficou ainda mais depois de tanta correria, e por isso nada de levar aquela meiinha clássica que levo para o trabalho por agora já só usar calças que me dão pelo tornozelo. Ali, não era preciso nada desses cuidados. Achava eu.
Domingo tudo ok. Ontem, quando acordei e me sentei na beira do meu colchão a pensar "mas ainda é tão cedo", senti uma ligeira comichão no tornozelo. "Olha, já tenho melgas no quarto e ainda nem estamos um junho", pensei eu. O dia continuou e foram vários os momentos em que, enquanto andava, sentia uma impressão. "Deve ser das meias a roçar nas borbulhas", nada de mais. Cheguei a casa e eis quando me apercebo que tinha as borbulhas bem ofendidas mesmo sem ter coçado, tinha tornozelo meio inchado e muito quente.
Gelo e fenistil foi a receita. Agora a questão que se coloca é: ou fui picada por um bicho qualquer no pinhal e fiz esta reação alérgica de flor de estuda ou então sou ainda mais desajeitada do que pensava e magoei-me por dar umas corridas com os primos. Uma pessoa, tendo crescido no campo, deveria ser obrigada por lei a criar anticorpos contra coisas deste género.
Escrevo-vos estas palavras, como já é costume, a partir do trabalho. Olho para baixo e já não vejo tornozelo nenhum. Estou em modo "patinha de elefante", estão a ver? Consegui não coçar nada e já estou com um saquinho de ervilhas aqui a ver se ajuda. Uma pessoa realmente tenta, tenta ser diferente, mas quando não se é feita para estar, literalmente, a rebolar na natureza... não se é mesmo. Ainda diz o meu Rapaz que gostava de ir um mês comigo para a Ásia.
Pé de elefante é (Sinónimo de) Carmezim.
Marta.