Do 80 ao 8
(Imagem: MYWAY)
O ano passado fiz dois posts aqui no blog - acho que foram os meus dois posts mais visitados desde que comecei o blog - em que falei do início da minha história de amor com a música Amar Pelos Dois. Num desses posts falei também de como estava feliz por termos ganho, sem nunca ter prestado muita atenção à Eurovisão. Já este ano escrevi um post sobre como tinha gostado tanto de passar duas noites a ver o Festival da Canção com os meus pais, assim como que a ter um bocadinho daquilo que eles tiveram com a minha idade. Ainda não tinha falado da Eurovisão por aqui, nem mesmo para refilar com o facto de os transportes em Lisboa terem estado um pandemónio a semana passada. No entanto, depois desta final, tinha que deixar algumas palavras.
Acima de tudo, acho que deixo palavras assim em modo de palmadinha nas costas. Ao contrário de muita gente com quem tenho falado disto, eu não estava NADA à espera de uma tão má classificação, muito menos de ficar em último. Eu estava CHOCADA a cada país que dava os pontos e nem sinal de Portugal. A canção da Cláudia Pascoal e da Isaura causou muitas opiniões diferentes e chegou a ser muito criticada, mas... em último?! Não pensei mesmo que esse fosse o cenário a assistir no sábado.
Enquanto via as votações senti quase vergonha. Sentia-me desconfortável porque fomos os vencedores da edição passada e porque estávamos a "jogar em casa". Depois apercebi-me que, mesmo ficando em último, esse desconforto que eu estava a sentir era, afinal, só injusto. Nós fizemos um excelente trabalho. A música pode não ter pegado, mas ainda assim fizemos uma atuação sóbria, com classe e muito segura. A música, querendo ou não saber da inspiração por trás da letra, conta uma história bonita. Um bocadinho sobre saudade, até.
O espetáculo em si foi, para mim, isso mesmo: um espetáculo. O palco estava maravilhoso, as apresentadoras também foram espetaculares e salvo o momento arrepiante e assustador da atuação do Reino Unido, acabou por correr tudo bem. Os vídeos de apresentação de cada música estavam muito giros, servindo de oportunidade para mostrar cada cantinho de Portugal e como, na nossa pequenez, podemos ter tanta coisa diferente. Toda a gente com quem falei que lá foi, adorou o recinto montado no Terreiro do Paço, aproximando aqueles que não conseguiram bilhete do grande evento.
É verdade que os portugueses têm tendência a ser uns grandes deslumbrados, mas também quando é para dizer mal, não poupam nada nem ninguém. Fiquei muito triste com o nosso resultado, achei muito injusto e não compreendo como é que havia pessoas que "estavam à espera". Obviamente que avaliar músicas vai sempre ser uma coisa subjetiva, mas.... a sério que acharam a nossa a piorzinha de todas, todas, todas?? Essa ideia é, para mim, um bocado difícil de conceber.
Por isso, tentei relembrar as coisas que realmente fizemos bem. Talvez numa tentativa de não me sentir tão derrotada, talvez seja um bocado discurso de "o importante é participar" ou até vá soar a discurso meio parvo quando há um ano atrás fiz um post todo emocionado com a vitória do Salvador. Não sei como é que isto vai ser interpretado, mas se me tivessem perguntado há um mês atrás, tinha-vos dito que tinha fé em tudo menos na nossa capacidade de organizar um evento desta magnitude. Mesmo que tenhamos ido do 80 ao 8 em algumas coisas, também vencemos noutras.
Eurovisão é (Sinónimo de) Carmezim.
Marta.
