Ela está em todo o lado
Isto não são horas nem de escrever nem de nada. Amanhã até acordo relativamente cedo - mas sem despertador, finalmente! - e mesmo assim, cá estou eu.
Não sei muito bem sobre o que quero falar - mas também prometi a mim mesma que iria deixar de impôr regras sobre o que escrever e quando escrever. É por isso que estou aqui, a escrever-vos a esta hora da manhã e sem um tema em concreto.
Sei que me apetece escrever sobre coisas felizes porque hoje passei o dia a ter a sensação de que a felicidade está realmente nas coisas mais pequeninas, que na maior parte dos dias nos passam completamente ao lado. Eu sei, isto não poderia ser mais clichê. Provavelmente deveria abrir uma página do word e fazer todo um brainstorming sobre estas questões para escrever um texto cheio de significado, talvez até capaz de se tornar viral... mas não. São quase duas da manhã, por isso vou deixar-me ficar pelo clichê.
Ontem à noite quando me deitei não queria nada pensar no dia de hoje. Epá, não apetecia. Não me apetecia ter que acordar ainda com o sol apenas a espreitar para ter que andar em mil e um transportes públicos cheios de gente. "E ainda me doem os ouvidos!" - só mais essa para ajudar à festa.
Hoje acordei e não custou assim tanto. Vesti a primeira roupa de que me lembrei, sem demorar demaisado tempo, e adorei-me. Adorei-me mesmo! Foi um daqueles dias em que nem me lembrei de pôr a mais pequena quantidade de maquilhagem. Tomei um bom pequeno almoço: um iogurte grego, pão de sementes com queijo e uma banana. Levei outra para o trabalho. Não me esqueci de nada e não corri para o autocarro. Felicidade.
No autocarro, ouvi - e adorei - a nova música de um dos meus artistas preferidos, e o meu Rapaz adorou também. Mostrei-lhe a letra de outra música, e ele adorou também. Dormi no seu ombro enquanto ele me dava festinhas na mão. Deu-me um abraço apertado antes de sair na paragem dele. Felicidade.
No outro autocarro, ouvia um senhor de muita idade dizer que, depois do divórcio "só quero uma pretinha". Todo o autocarro riu - o senhor falava bem alto. "Elas já não o querem, pá!", disse-lhe um amigo em tom trocista. "Mas eu sei dançar kizomba e funaná! Ai se eu te pego, ai, ai, ai...". Mais gargalhadas. Nunca vi a cara do senhor, mas saí do autocarro com um sorriso na cara à pala dele. Recebi uma mensagem do meu irmão a perguntar pelo meu nariz. A marmita era bife. Felicidade.
Recebo um email da chefe com o assunto "Não te assustes" - ficam a saber que se um dia me quiserem assustar, esta é a forma mais eficaz. Tive uma tarefa nova. Tremi ao início, mas consegui. Conversei com a minha colega sobre ficção científica. Terminei a tarefa a que me dediquei desde que comecei o estágio há um mês. Felicidade.
Lanchei com o meu Rapaz - pizza, ainda por cima! Encheu-me de mimos, porque me sentiu cansada e porque ainda me doem os ouvidos. Ouvimos a música que tinhamos ouvido de manhã. Ele deitou-se no meu peito enquanto lhe dei beijinhos nos olhos. Disse-me "amo-te" três vezes durante a viagem. Depois de derreter, retribuí cada um deles. Rimos, muito. Conversámos sobre carros futuros. Felicidade.
Chego a casa e vejo o meu cão deitado na posição mais elegante do mundo, embora fosse aumentando a rotação da cauda à medida que me fui aproximando. Estou apaixonada pelo livro que estou a ler. Vi a novela com a minha mãe e a minha avó. Ralhámos com ela por ter comido pão de milho à hora de jantar e rimos com a sua resposta: "Mas é tão bom!". Vi o primeiro episódio realmente bom da temporada 13 de "Anatomia de Grey". Falei com a minha melhor amiga, com que já não falava há quase um mês e vamos jantar amanhã com os respetivos - e mais uma data de amigos! Vim ao blog, e tinha carinho de pessoas novas. Tinha amor dos que cá estão sempre. Tinha mensagens de incentivo para o YouTube... e um destaque!
Felicidade. Nas coisas mais pequenas. Só temos que estar com atenção.
A melhor parte? Acho que me estou a esquecer de alguma coisa.
Feliz a meio da noite é (Sinónimo de) Carmezim.
Marta.
