Eu e o Festival da Canção
Esta segunda feira não está a ser nada, mas mesmo nada famosa. Vinha partilhar com vocês precisamente isto, porque gosto sempre de escrever aqui como se estivesse a ter uma conversa com vocês. A ter uma conversa hoje, neste momento, iria falar-vos de como me estou a sentir stressada - e o pior é que é com pouca coisa. Decidi entrentanto que não poderia começar aqui a semana no blog dessa maneira. Depois de um post tão feliz como foi o do carnaval, não podia agora baixar de tal maneira o tom que vocês ficassem também "epá, mas que coisa tão negativa!". Em vez disso, vou falar-vos de uma coisa de que gostei muito: do Festival da Canção.
Já todos vocês que aqui vêm de vez em quando sabem o quanto eu gosto do nosso querido Salvador e do siginificado que a música Amar Pelos Dois tem para mim. Para aqueles que não fazem a mínima ideia do que estou a dizer, podem ler aqui. Nunca, jamais, em tempo algum alguém me ouviu dizer "ai já não posso ouvir esta música" ou a mudar de estação de rádio quando se ouve a canção vencedora da EuroVisão 2017. Pelo contrário, eu sou aquela pessoa chata que mete o volume mais alto e vai a cantar o tempo todo a tentar fazer harmonias com o Salvador.
Apesar desta minha paixão que se estedeu bem para lá da EuroVisão a partir do momento em que fiquei a conhecer Salvador Sobral enquanto artista de jazz, o que eu nunca pensei foi que fosse dar uma renovada importância à Festival da Canção. Ao longo dos últimos meses têm saído várias notícias com o nome dos compositores, o nome dos temas, dos intérpretes, as datas das semifinais, da final, a localização... tudo e mais alguma coisa. Li as notícias, mas não dei grande importância.
Ontem à noite, quando cheguei a casa, estavam os meus pais a ver a primeira Semifinal. Não achei estranho, porque os meus pais fazem parte duma geração em que esta competição tinha grande impacto. Do que eu não estava à espera era de me ver também ali, completamente presa ao ecrã, e a adorar aquelas duas horinhas de emissão!
Foram várias as coisas que adorei e as de que não gostei tanto. Assim de repente, sem ir relembrar todas as atuações, posso apontar duas que não gostei NADA: a do José Cid e a Joana Espadinha. Eu sei que o povo gosta muito do José Cid, mas não consegui ultrapassar aquela letra. Estava a ouvir aquilo e até me sentia com uma pontinha de vergonha alheia de tão nacionalista que é a letra. Acho que nem sequer reflete aquilo com que os portugueses, enquanto nação, mais se identificam - ou pelo menos, não daquela forma. O que José Cid teve, na minha opinião, a mais, teve a Joana Espadinha a menos. Para além de parecer que tinha engolido um garfo e que estava aflitíssima para que aqueles três minutos passassem, parecia cantar num murmúrio. Não percebi, não gostei.
Felizmente, foram muito mais as coisas de que gostei do que aquelas de que não gostei! Surpreendentemente - e digo-o surpreendente porque é, geralmente, das coisas que mais me irrita neste tipo de programas - adorei a apresentação e até as entrevistas nos bastidores. O Jorge Gabriel e o Malato são realmente dois pros que, para tornar a coisa ainda melhor, se notou ainda que adoram estas coisas do Festival da Canção. Sem piadinhas parvas e desnecessárias ou tiradas forçadas fizeram o trabalho deles de forma exemplar!
No que toca a música, não vi todas as atuações, mas fiquei muito contente porque daqueles que vi e gostei, foram vários os apurados para a final. Obviamente que tenho que falar do Janeiro que nunca soube tão bem em fevereiro! A música é absolutamente lindíssima, a interpretação é a ideal e a personalidade do rapaz... bem, digamos que se nota perfeitamente que é amigo do Salvador Sobral. Também facilmente veria o Salvador a ser entrevistado enquanto come uma banana. Sem dúvida, a atuação preferida.
A par desta, no meu TOP, está Só por Ela, com letra e música de Diogo Clemente, outro senhor de quem gosto bastante. Fiquei logo muito curiosa quando soube desta participação e não desiludiu nem um bocadinho. A voz escolhida para a interpretar é muito interessante e diferente. Embora possa ter um vibrato a fazer lembrar Frei Hermano da Câmara a cantar as músicas do Nazareno, Péu Madureira teve uma prestação exemplar.
Para fechar o meu TOP3 desta primeira semifinal, tenho que falar da Para Sorrir Não Preciso de Nada. Esta era outra composição que queria muito ouvir por ter sido escrita por Júlio Resende, outro senhor cujo trabalho - sobretudo ao lado de Salvador Sobral - aprecio muito. Fofinha, bonita e com uns pozinhos de pirilimpimpim deitados pela fadinha que é a Catarina Miranda. Muito lindinha.
Adorei ver isto tudo! Adorei depois o suspense das votações e aquela confusão de tentar perceber como é que afinal isto tudo funciona. Para alguém que NUNCA tinha vista uma semifinal do Festival da Canção, foi toda uma experiência nova! No próximo domingo vou estar coladinha à televisão para ver mais uma fornada de canções a concurso - e espero bem que, na próxima segunda feira, não haja notícias a dizer que a estreia do Secret Story ultrapassou a segunda semifinal!
Pena que já tenha havido barraca da grossa. Enquanto país anfitrião da Eurovisão este é precisamente o tipo de coisas que NÃO pode mesmo acontecer. Se estas falhas acontecem durante uma semifinal, que esperar duma competição com a dimensão da Eurovisão. Vamos esperar que tenham aprendido com este erro, que já deu barraca que chegue.
Festival da Canção é (Sinónimo de) Carmezim.
Marta.