Até à coisa de um mês cá em casa tinha um daqueles portões de garagem "à antiga". Daqueles que temos que sair do carro quando chegamos para o ir abrir e que não nos podemos esquecer de tracar quando saímos ou quando está demasiado vento lá fora. Um daqueles portões de ferro, com molas que já estavam a acusar o passar dos anos. Estava a tornar-se perigoso e por isso, há coisa de um mês, os meus pais decidiram comprar e instalar um portão automático. 

Escusado será dizer que adorei essa ideia. Agora ainda nem sequer estou parada no carro em frente a casa e já estou a sacar do meu mini comando para mandar o portão abrir. É uma das invenções para práticas de sempre e esteticamente fica muito melhor, tanto por fora como por dentro. Até tem luzinha de presença! Como podem ver, sou fã do meu portão novo. 

Uma das regras é que em cada carro haja um comando e por isso, o meu nunca sai do tablier do Bolinha. Geralmente, os dos meus pais também não sai dos outros carros. Hoje, por alguma razão ou simplesmente por esquecimento, estava TUDO fechado. O problema nem sequer era esse, a questão era não haver nenhuma chave que me desse acesso à garagem para poder tirar o carro. 

Tinha-me levantado, tinha feito o esforço de acordar mais cedo do que o costume e agora não consigo tirar o carro da garagem? Não podia deixar que as coisas ficassem assim. Depois de uma procura incessante por um comando do portão extra, que me permitisse abri-lo por fora, percebi que tinha que arranjar outra alternativa. A alternativa foi a janela. 

Já saltei várias vezes esta janela porque já me esqueci das chaves de casa e situações do género. Esta não é, obviamente, a minha entrada preferida até porque é bastante alta para mim. Quando desço fico sempre com aquela impressão esquisita nos pés por lhes ter dado um estalo com o chão. Por essa razão, não estava muito feliz por ter que trepar por essa janela, mas ficar em casa estava fora de questão. 

Ora, força aqui, força ali e lá me consegui içar. Depois era a parte pior: descer. Vira para esquerda, vira para a direita, tento esticar-me o mais possível para o impacto nos pés ser o mais fofinho possível. O que eu me esqueci foi que as coisas das obras cá de casa, incluindo dos senhores que cá vieram pôr o portão. Essas coisas - um carrinho de mão, sacos de areia, e baldes... muitos baldes - estavam precisamente debaixo da janela e eu não os vi. É que nunca mais me lembrei. 

Quando os meus bracinhos já não conseguiam esticar mais, larguei-me, pronta para sentir o chão com força debaixo dos pés. O que não estava à espera era de cair em cima duma data de baldes das obras. A queda foi mesmo à desenho animado: fiquei com uma perna num balde, a outrta no chão e a cabeça dentro dum segundo balde. O barulho foi insurdecer e eu fiquei ali, a tentar perceber o que tinha acontecido, e o meu cão sentado ao meu lado a olhar para mim como quem diz "então mas... és parva?"

Conclusão: consegui tirar o carro. E não, nenhum dos baldes tinha tinta nem nada do género. Eu sei que isso teria dado um post muito mais giro, por isso lamento desiludir, mas na altura senti-me muito grata por já terem usado todo o conteúdo dos baldes. Achei que tinha ficado tudo ok, mas agora estou aqui com uma dor ao pé  no ombro que Deus me livre. 

Se calhar da próxima vez é melhor olhar para baixo. 

Armar-me em macaca é (Sinónimo de) Carmezim.

Marta.