Eu só pedia um
(Fotografia: CM)
Estes últimos dois dias não têm sido fáceis. Desde sexta feira, vá, que esta batalha começou. A batalha de me desviar das notícias sobre a vinda dos U2 a Portugal. E, ao mesmo tempo, a de querer abrir todos os artigos que falam do concerto que aconteceu ontem à noite e do que vai acontecer hoje. Hoje, ainda é pior do que ver e ler tudo sobre este tema, porque como é dia de trabalho, tenho que me cruzar com famílias inteiras de t-shirts da banda vestidas nos transportes públicos. É uma tristeza que me assola.
Uma coisa é certa: não sabia que tanta gente minha conhecida tinha bilhete para ir ao concerto. Não sei, parece-me sempre que quem consegue bilhetes para este concerto são alguns super-heróis escondidos, cheios de truques e super-poderes. Afinal não. Afinal, TODA a gente foi e TODA a gente vai. Só eu mesmo é que depois de tanta, mas tanta tentativa, nunca consigo agarrar um mísero bilhete. Sim, porque ver os U2, para mim até ficava bom assim: bastava para mim. Geralmente, gosto de ir acompanhada a estas coisas, mas não sou assim tão gulosa neste caso específico. A sério, chegava-me mesmo só um.
Ir a um concerto dos U2 está, neste momento, num patamar tão alto na minha bucketlist como ficar na primeira fila de um concerto da Beyoncé. Já me fartei de tentar, de todas as formas e mais algumas, umas mais honestas que outras e mesmo assim, nunca consegui. De todas as vezes que fui ver a Beyoncé, comprei bilhete para a plateia e fui daquelas loucas que foi para a porta do recinto cedíssimo. O giro da história? É que há SEMPRE alguém mais louco que eu e quando lá chego já lá estão as pessoas suficientes para ocupar todo o comprimento da primeira fila.
Houve um ano que fiquei mesmo, mas mesmo perto. Fiquei mesmo encostada - ou mais espalmada - contra um rapaz, que por sua vez, estava na primeira fila. A minha esperança era que, ao longo do concerto, com os pulos e a euforia, eu lá conseguisse furar até à grade e FINALMENTE ver a Beyoncé na primeira fila. Saiu-me o tiro pela culatra, que logo durante a segunda música a histeria foi tanta que tive que implorar ao segurança que me tirasse dali. Conclusão: depois de umas doze horas de espera acabei a ver o concerto ao pé do pessoal que tinha acabado de chegar. Depois desta vez, esqueçam. Ela lá inventou aquela coisa do golden circle e eu nunca mais sequer senti o cheiro da grade.
O meu historial com os U2 é identico, mas em pior, porque nem sequer consigo sentir o cheiro do bilhete! Ao contrário do que acontece com a Beyoncé, não posso dizer que tentei sempre comprar bilhetes, porque houve vezes que eles cá vieram em que eu ainda nem sequer estava a ser planeada. Mas desde que eu existo e desde que tenho capacidade para verbalizar "quero ir ver os U2!", tentei. Houve um ano, que assim na maluqueira, convenci a minha mãe a ir comigo para a porta do LoureShopping às seis da manhã, imaginem!
Enquanto estávamos na fila ouvimos logo que os bilhetes para o sector que queríamos já estavam esgotados. Para não me dar logo por vencida, fiz um dos maiores choradinhos da minha vida inteira e a minha mãe lá aceitou que comprassemos os bilhetes do sector seguinte, ligeiramente mais caros. Na fila, em que eu era uma das mais novas, comecei a reparar que estava tudo de portátil nas mãos, a tentar agarrar bilhetes em sites de outras lojas. E foi nesse momento que eu soube: Marta, mais uma vez, já foste. E fui, obviamente, porque antes de chegar a minha vez, todos os bilhetes disponibilizados no LoureShopping tinham chegado ao fim.
Pronto, e a história repete-se de todas as vezes que eles cá metem os pés. Depois fico assim, num limbo esquisito, entre "não quero sequer ouvir falar do concerto" e "CONTEM-ME TUDO!". Não quero ler a setlist, não vão eles tocar a All I Want Is You (e se assim fosse, o meu sofrimento era ainda maior!), mas ao mesmo tempo quero ver todas as fotografias do concerto (e já vi que o Bono se vestiu de uma espécie de Joker, que espetáculo!)
Portanto hoje estamos assim. Claro que estou a trablhar desde manhã a ouvir a playlist deles e claro que digo a mim própria "da próxima vez vou estar atenta e vou conseguir", sabendo à partida que a malta que os vai ver já tem muitos anos disto. Desconfio até que exista uma lista de malta que vai desde sempre, a quem o bilhete chega a casa no correio em carta registada com aviso de receção assinada pelos membros da banda, estilo lugar cativo. Se hoje forem ouvir os U2 ao vivo, ficam a saber que vos vou estar a invejar bastante e não quero ouvir nada sobre isso hoje! Mas amanhã... contem-me tudo!
U2 é (Sinónimo de) Carmezim.
Marta.