Festival da Canção: a caminho da final
Faz hoje uma semana que escrevi um post em que dei a minha opinião relativamente à primeira semifinal do Festival da Canção. Felizmente, tive muita gente que encontrou o meu blog graças a esse post e que aqui vieram ler o que tinha a dizer. Feliz ou infelizmente, tive também muita gente que não gostou do que encontrou. É natural que uma coisa leve à outra: mais gente a ler, mais opiniões, maior probabilidade dessas opiniões serem contrárias à minha. Contudo, vou escrever mais uma vez sobre o Festival da Canção, mas desta vez sobre a segunda e última semifinal, que aconteceu ontem. Faço-o porque, mais uma vez, foi um espetáculo que gostei imenso de ver com a minha família e que não deixa de ser - agora, mais que nunca, porque temos um título para proteger - uma competição importante. Especialmente para quem gosta de música, como eu.
Achei o espetáculo totalmente diferente do da semana passada. Para ser sincera, acho que as únicas coisas em comum entre um e outro foram os segmentos para anunciar as pontuações do público e as pontuações do júri. No entanto, foi precisamente essa diferença que notei de um espetáculo para o outro que ainda tornou a competição mais interessante. Ou então não, porque acho que já todos sabemos quem vai ser o representante de Portugal na Eurovisão. Pelo menos, acho que ambas as semifinais e todos os seus participantes mostraram a diversidade de personalidades, de vozes e estilos que existem atualmente no panorama musical em Portugal.
Se a semana passada tive claros favoritos, esta semana a história já foi diferente. Acho que isto aconteceu porque, no espetáculo da semana passada, muitos dos temas eram comparáveis entre si. Embora fossem de compositores diferentes, com intérpretes diferentes e com letras que tocam temáticas distintas, grande parte dos temas tinha uma carga melancólica, quase saudosista, que tornava mais fácil de dizer "gosto mais desta", em detrimento de outra qualquer. Esta semana, na segunda semifinal do Festival da Canção, isso já foi mais raro.
Umas continuavam com essa onda calma, meia triste. Outras pareciam roçar no tecnho ou na house music. Outras ainda eram felizes, felicíssimas até. Outras, eram tão diferentes que ainda hoje não sei o que realmente acho delas. Foi, na minha opinião, um catálogo de temas e de artistas ainda mais variado, ainda mais "para todos os gostos", que o da semana passada. Vamos lá ver uns casos concretos do que eu quero afinal dizer com tudo isto.
1. Os preferidos
A minha preferida de ontem e talvez de todos os concorrentes que passaram à final. Já gostava da Cláudia desde que ela apareceu no The Voice e achei que esta música lhe assentou que nem uma luva. Achei que esta foi das poucas músicas de ontem que se percebeu claramente cada uma das palavras cantadas - palavras essas que formam um poema lindíssimo. O toque inesperado que Isaura tráz à música ainda a torna mais mágica e a junção das vozes é mel para os meus ouvidos. Adorava ver a Cláudia na Eurovisão porque, para além de acreditar no valor desta música, acho que a Europa iria gostar da sua imagem, da personalidade da sua voz e do seu estilo de performance. Para a semana, "O Jardim" vai ser uma das músicas por que vou estar a torcer.
O ano passado um anónimo disse aqui no blog que todo o "sururu" em torno do Salvador era uma "euforia crónica" e algo me diz que a coisa se vai repetir em torno desta música de Diogo Piçarra. Uma coisa que esta música mostra indiscutivelmente é que este rapaz canta que se farta. No meio dos seus originais com mais ou menos efeitos, soube muito bem ouvi-lo cantar desta maneira. A letra não poderia ser mais atual e o facto de ter um instrumental tão simples torna todo o tema ainda mais marcante. No entanto, tenho que perguntar: já não ouvimos alguma música muito parecida com esta? Pergunto isto mesmo como quem quer saber e não como quem acusa, porque tive realmente essa impressão. Já tendo ouvido isto noutro sítio ou não, acredito que seja o Diogo o representante de Portugal na Eurovisão, também pelo peso que o seu nome já tem para o público português. Preferi a Cláudia, mas não vou ficar aborrecida se for ele a ganhar a final para a semana.
2. Não sei como me sentir
Era tudo o que eu dizia enquanto ouvia e via esta atuação: não sei como me sentir. Ainda hoje não sei. Acho que a palavra para definir esta atuação seria interessante. Este tema tem, na minha opinião, um dos instrumentais mais bem construídos do festival. Em certos momentos fez-me lembrar o instrumental de "Senhora do Mar", que representou Portugal em 2008, mas com um toque bem mais futurista. O que me deixa indecisa é a voz da Lili. Em primeiro, deixou-me logo confusa porque olhando para ela, uma voz assim era a última coisa que esperava. Geralmente gosto de vozes assim, diferentes e com texturas que não se ouvem todos os dias, mas aqui fiquei indecisa porque parecia uma voz demasiado frágil para um instrumental tão forte. Tanto, que por vezes nem consegui perceber certas partes da letra. No entanto, fiquei satisfeita por saber que foi uma das apuradas para a final. Acho que preciso de a ouvir de novo.
3. O que menos gostei
Sem dúvida alguma que foi Amor Veloz. Fiquei quase chateada por ter ficado apurado em vez de Sobre Nós, cantado por Tamín e escrito por Capicua. Não gostei da voz do senhor, não gostei do facto de se ouvirem quatro vozes de fundo durante toda a música, achei a letra chata e superficial e nem me perguntem pelo instrumental. Vamos pôr as coisas assim: quando o meu pai vir a gravação deste espetáculo aposto que ele vai gostar desta música. O meu pai é aquela pessoa que compra dos CD's da Zara Home e esta música só me fez lembrar essas músiquinhas que ouvimos de fundo enquanto escolhemos copos e roupa de cama. Não gostei nem um bocadinho.
Porque a semana passada falei também dos apresentadores, posso falar esta semana também. Gostei mais do Malato e do Jorge Gabriel, mas as meninas também estiveram bem. Tal como eles, tiveram as suas graças, falaram bem e deram bem a volta a um ou dois problemas técnicos que aconteceram ao longo do espetáculo. Ah, e estavam lindas. O vestido vermelho então deixou-me in love.
Relembro que este post é baseado somente na minha opinião pessoal e da minha percepção do espetáculo. Todos os termos que usei, comparações e referências são totalmente baseadas nas impressões que fui retirando ao longo de duas horas de espetáculo e de como cada tema me fez sentir. Detesto falar de coisas de que não gosto aqui no blog, mas acho que tenho que me habituar também a fazê-lo, tal como fiz sobre Amor Veloz. Obviamente que eu não faria melhor, porque não componho músicas e porque provavelmente não saberia lidar com os nervos de estar naquele palco, mas o festival - para além de espetáculo - é competição, é um concurso. Visto que alguém terá que ganhar, temos todos que gostar mais dumas coisas do que de outras - e mesmo essas vão ser diferentes.
Viram o espetáculo? Quais as vossas apostas?
Festival da Canção é (Sinónimo de) Carmezim.
Marta.