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(Sinónimo de) Carmezim

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01
Fev18

Guardado na Estante #11 - Everything, Everything

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Veio tarde, mas aqui está o Guardado na Estante do primeiro livro que li em 2018. Este livro, pode dizer-se, já veio tarde. Já perdi a conta aos meses em que tenho vindo a falar deste livro. Aqui no blog, em variadíssimas ocasiões, devo ter falado sobre ele em modo "mal posso esperar para o comprar" e isso nunca mais acontecia. Estive com ele N vezes na mão - na Bertrand, na FNAC e em toda e qualquer livraria em que entrasse. No site da WOOK, foram inúmeros os cestos de compras em que ele esteve, mas acabava sempre por ir fora. 

 

Porque é que demorei tanto a comprá-lo? Porque é que pegava sempre nele, fisicamente ou somente online, mas deixava-o sempre na loja? A culpa, atribuo-a eu, é da capa - a capa horrível que inventaram para a versão portuguesa. Por ter demorado tanto a comprar, os senhores tiveram tempo de fazer um filme baseado no livro e obviamente que em Portugal, as estantes ficaram impestadas com a capa terrível do filme. Por natureza, já não gosto quando os livros fazem isto, mas esta achei especialmente mal conseguida. 

 

Contudo, a verdade é que a vontade de ler este livro continuava cá. Por essa razão tive que aceitar o inegável: teria que voltar a ler em inglês, algo de que não tinha saudades absolutamente nenhumas. É certo que nunca seria uma obra muito difícil de ler no idioma original, mas não me apetecia, o que é que eu posso dizer? Mas como nem sempre podemos fazer somente aquilo que nos apetece, lá pus as minhas esquesitices para trás das costas e comprei a versão em inglês, com uma das capas mais lindas que tenho na minha estante. 

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A história é simples, mas bonita: conta a história de uma menina, uma adolescente, que tem uma doença deste pequena que a impede de sair de casa. Essa doença começou por se manifestar em forma de alergias, até que chegou a um ponto em que os médicos deixaram de saber concretamente o que é que poderia causar esse tipo de reações. Qualquer coisa, qualquer particular de ar que não fosse filtrado, poderia ser fatal para esta jovem. Começou então a viver rodeada pelos seus livros e aprendeu a viver dentro da sua bolha de vidro, com vista para o mundo lá fora. 

 

Vivia com a sua mãe, obcecada em mantê-la a salvo de todos os perigos do mundo exterior. Fora o facto de se tratar da sua filha, esta proteção excessiva da mãe vinha também de um trauma muito profundo que tinha: perdeu um filho e o seu marido, anos antes, num acidente. De um momento para o outro, a família de quatro ficou reduzida a duas pessoas - sendo que uma delas estava em constante perigo. 

 

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As descrições das cenas dentro de casa são realmente sufocantes. Dei por mim com vontade de gritar com a miúda, para ela ou sair de casa e arriscar tudo ou simplesmente parar de olhar lá para fora, porque servia como uma espécia de tortura auto infligida. Sendo escrito na primeira pessoa, estamos constantemente a ouvir - ou a ler - os pensamentos da protagonista. Essas partes do livro resultam em passagens que são, mais do que qualquer outra coisa, humanas. No entanto, também em muitas partes do livro achei que a autora trivializou demais uma doença deste tipo. 

 

Vivento dentro desta bolha que é a sua casa e enquanto olha para o mundo lá fora aparece um rapaz de ar rebelde, meio torturado, que se mudou para a casa ao lado. Começam a comunicar, quer "via janelas", quer via telemóvel ou emails e acabam por se apaixonar. Este é o tema central de todo o livro que facilmente se relaciona com o título - este rapaz e a relação que se começa a desenvolver entre ambos é esse "everything, everything" com que a nossa protagonista sonhava. 

 

Como podem constatar, é uma história fofinha, mas que facilmente se pode tornar massadora e previsível. É a típica história de "boy-meets-girl". Quando, nas primeiras páginas do livro, percebemos que ela passa demasiado tempo a olhar pela janela começamos logo a perceber também que vai ser ali que ela vai conhecer o amor da sua vida. Embora fofinho - e eu gosto de coisas fofinhas -, já sabíamos a história antes mesmo de ela começar. Não há nada de novo em Everything, Everything

 

O que, de certa forma, salva este romance adolescente é a reviravolta que acontece no fim. Essa sim, não estava à espera. Isso e as ilustrações são o que dão um toque mais original a esta história, ao mesmo tempo que tornam a sua leitura mais leve. Sem dúvida que estes são aspetos que vão fazendo o leitor continuar a ler a história, mesmo que achemos que já sabemos o que vai estar do outro lado da página. 

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Dito isto, gostei do livro. Não posso dizer que não ficou um pouco aquém das minhas expectativas, tal foi o hype em volta desta história. Esperava mais, não só em termos de trama como também em termos de escrita, que por vezes até me pareceu pouco fluída e pouco próxima das personagens. Para quem gosta de ler uma história fofinha de vez em quando - como eu - aconselho, porque não deixa de ser uma boa maneira de passar umas horas. 

 

Livros mais ou menos são (Sinónimo de) Carmezim.

Marta. 

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Sinonimo de Carmezim

Sou a Marta e gosto de escrever umas coisas de vez em quando.

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