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(Sinónimo de) Carmezim

(Sinónimo de) Carmezim

04
Ago17

Guardado na estante #8 | O Adeus Às Armas

Se há nome que é conhecido aqui pela minha zona é o nome Hemingway. É um dos nomes mais falados por aqui, sobretudo porque é o nome daquele que é, para mim, um dos melhores bares da Ericeira. O nome e a própria decoração do bar é totalmente inspirada no escritor, tendo penduradas nas paredes as inúmeras revistas de todo o mundo em que Ernest Hemingway foi figura central. Também nas paredes existem estantes cheias com livros dele.

 

Numa das noite em que lá fui beber aquele mojito dos deuses estava a olhar atentamente para a prateleira. Estava a fazer aquela pose ridícula que os amantes de livros fazem quando querem ler as lombas sem tirar os livros das estantes: ir andando, ir andando, sempre com a cabecinha inclinada e a tentar decifrar os nomes, muitas vezes virados ao contrário. Numa dessas vezes, nesse bar, houve um livro que me chamou especialmente a atenção: O Adeus Às Armas.

 

 

 

Não sei bem porque é que este livro chamou a minha atenção. Se calhar estou completamente enganada e este é um dos seus grandes clássicos, mas há livros de Hemingway que já ouvi falar muitas vezes em muitos contextos e deste nunca tinha ouvido falar. Anotei no nome no telemóvel e no dia seguinte, sem ler grande coisa sobre a história em si, encomendei o livro. Foi assim que começou a minha primeira aventura com um livro de Hemingway.

 

Para as pessoas que me seguem no Goodreads sabem que lhe dei cinco estrelas e qual não foi o meu espanto quando vi que grande parte da malta que o leu e o classificou na mesma plataforma deu, na sua maioria, uma avaliação de duas ou três estrelas. Mas já lá vamos.

 

Se dei cinco estrelas no Goodreads antes de ler as outras críticas, não vos vou mentir aqui: eu adorei o livro. Simplesmente não o consegui largar um segundo. Sendo que não posso propriamente sacar do livro a meio do dia para o ler no trabalho, aproveito para ler nos transportes. Normalmente só leio no metro porque nos autocarros fico mal disposta. Com este livro cheguei ao ponto de deixar passar o autocarro e apanhar o eléctrico só para conseguir ler mais umas páginas.

 

A história acompanha - na primeira pessoa - um soldado americano que se junta ao exército italiano para combater durante a Primeira Grande Guerra. Obviamente que conhecesse uma senhora enfermeira e obviamente que a menina é britânica. Não me importei muito com este clichê, até porque nem o acho um, penso apenas que seja só e apenas um reflexo da realidade da altura.

 

A história é constituída em cinco livros que contam o que se passa num ano inteiro na vida daquele soldado, nos mais variados cenários e situações por que passa. Obviamente que grande parte da história se passa na guerra e, para mim, nesse aspeto o livro tem muitos pontos positivos. Acho que nunca tinha lido um livro tão rico no que toca a descrições de cenários não só sangrentos como históricos, ao mesmo tempo que vamos ouvindo a verdadeira opinião da maioria das pessoas que lutaram naquela guerra: para além de horrível, porque todas o são, aquela guerra era inútil e mesmo assim parecia não ter fim.

 

No entanto, o que eu acho que mesmo assim me agradou e prendeu mais a esta história foi o amor. Muitos argumentam que esta não é propriamente uma história de amor, mas eu achei que sim. Ao longo de toda a história foram várias as ocasiões propícias a que o protagonista fosse preso ou até morto, mais que não fosse para não ter que combater na guerra em que já perdera tantos companheiros. Acontece que o protagonista nunca desistiu porque, mesmo quando esteve afastado da sua amada, ela sempre fora a primeira coisa no seu pensamento e, para mim, foi a existência desse amor que fez com que ele sobrevivesse. É poético, é bonito e eu gosto de coisas bonitas.

 

Quando vi que este livro tinha avaliações tão baixas no Goodreads fui ler algumas das críticas e também as percebi. A personagem da rapariga é, atrevo-me a dizer, estúpida. É insípida, sem graça e é sempre igual ao  longo de toda a história. Para além de nunca evoluir, a mulher é caracterizada como sendo meia louca, total e excessivamente submissa. Às vezes os diálogos parecem só parvos e sem sentido, porque mesmo que o homem lhe estivesse a perguntar as horas, ela ia responder "mas tu não queres outras, pois não?".

 

Após uma pequena pesquisa fiquei a saber que Hemingway é conhecido por ser machista e bêbado. Ora, no primeiro adjetivo acho que se pode fazer "check" porque só alguém que o fosse é que conseguiria criar uma personagem feminina tão... plana. A segunda também está muito presente em todo o romance. Visto que não quero ser exagerada não vou dizer que é em todas as páginas, mas com certeza em página sim, página não, alguém está a beber álcool. Até nas cenas de guerra, em que se fala em tiros e explosões, o autor faz referência a algum dos soldados que se baixou na trincheira para beber conhaque. É parvo e desnecessário até.

 

Eu sei que esta minha tentativa de review está confusa: ora digo bem, ora digo mal, mas acreditem que nem eu sei muito bem o que é que este livro tem que me prendeu tanto e que me fez gostar tanto dele, mesmo com todos estes defeitos que lhe reconheço. Vou voltar a ler esta obra com certeza e fiquei com ainda mais vontade de ler outro romance de Hemingway para ver se ele é sempre assim ou se estava só num dia mau. Apesar de tudo, a verdade é que adorei, adorei, adorei. Porquê? Pois, não sei bem.

 

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Bons livros são (Sinónimo de) Carmezim.

Marta.

Sinonimo de Carmezim

Sou a Marta e gosto de escrever umas coisas de vez em quando.

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