Livros e escaldões
(Imagem: Visão/Sapo)
Este foi o ano por que mais ansiosamente esperei pela Feira do Livro. Fui o ano passado - tenho quase a certeza de que falei sobre isso aqui também - e adorei a experiência. Antes dessa vez, não me lembrava da última vez que lá tinha ido e nem sei bem como é que surgiu a ideia de lá irmos o ano passado. Fiquei maravilhada e saí de lá com uma comprinha bem fofa e bem baratinha. Este ano queria muito repetir a experiência, por duas razões: primeiro, porque disseram nas notícias que esta é a maior feira do livro até agora e porque queria aproveitar a oportunidade para começar a comprar livros para a tese, ali certamente mais baratos que o preço "normal".
Fui no sábado, depois de ter passado mais uma manhã no Museu de Etnologia de Lisboa. Ainda passeei por Belém - coisa que não fazia há imenso tempo - almocei por lá e comecei a aperceber-me de algo que me pareceu estranho: estava calor. Eu sei que há relativamente pouco tempo refilei muito por causa de já haver pessoas nas praias e que ainda não estava tempo para isso... mas todos concordamos que o frio, o vento e a chuva têm realmente ficado demasiado tempo. E naquele dia, depois de ter saído de casa com o céu todo nublado, estava realmente calor.
Ora, ver o céu todo nublado pela janela do quarto pode não oferecer grandes conclusões, porque pode estar vento e frio como abafado e húmido. Pelo sim, pelo não, uma pessoa consulta sempre a Síri, que nesse dia me avisou que em Lisboa não estariam mais do que 20 graus. Ainda por cima ía andar por zonas perto do rio, por isso optei por levar um top básico por baixo de duas camisolas de manga comprida. Pronto, se calhar também exagerei... mas 20 graus ainda causam alguns arrepios!
Escusado será dizer que, sobretudo na Feira do Livro, passei mal mas mal. Ele era a transpiração, era a roupa a picar por causa do calor, era o sol a bater-me com toda a força ora no nariz ora na nuca... um sem fim de calor daquele nojento, porque estávamos sempre a andar, sempre ao sol e sempre rodeados de pessoas. Ainda tirei uma das camisolas, mas não foi o suficiente. Tanto, que nem vi nada de jeito. O ano passado ainda andei a espreitar quase todas as barraquinhas, até falei com um autor estrangeiro, e este ano... nada. Limitei-me a procurar a editora em que sabia que estariam os livros que procurava para a tese que, imaginem, não foi à Feira do Livro deste ano. Espetacular, não é?
Não sei se foi a experiência do ano passado que como correu tão bem deixou a fasquia muito alta, ou se simplesmente tudo teria sido diferente se tivesse levado manga curta... mas saí de lá com a sensação de que era tudo demais. Essa coisa de se querer fazer sempre maior, nem sempre é sinónimo de ser melhor. Saí de lá com a sensação de que era preciso tirar um dia inteiro, de manhã à noite, para ver tudo como deve ser, para ouvir algum autor ou outro de que se goste, para comprar aqueles livros que não precisamos MESMO mas que vão ficar tão bem na estante, e até estão tão baratinhos!
Era muita informação. E muita comida. E muito livro. E muita promoção. E muito calor. Tanto, que todos os narizes da família ficaram jeitosamente decorados assim num tom bem rosado, para ficar de recordação. Isso e um vídeo que não resisti a gravar: se o ano passado eu e os meus pais tivemos a sorte de apanhar o Ricardo Araújo Pereira a falar do seu então mais recente livro, este ano quem apanhámos foi, nada mais nada menos, que Gustavo Santos. Não preciso de dizer mais nada, pois não?
Ainda vou pensar se lá volto ou não. Provavelmente não, porque os livros que quero não se vão mudar para lá de repente... mas fiquei com pena de ter saído de lá assim. No entanto, é sempre agradável passear neste eventos, mais que não seja para derretermos todos um bocadinho com as ilustrações dos livros de crianças.
Feira do Livro 2018 é (Sinónimo de) Carmezim.
Marta.