Marta e uma lerdice sem fim
Por definição, a palavra lerda - no sentido de se ser lerdo - diz respeito a uma pessoa estúpida ou pateta. Segundo esta definição acho que existem vários aspetos da vida quotidiana em que me posso inserir na categoria dos lerdinhos.
Já vos falei, por exemplo, da minha relação com a cozinha. Na cozinha acho que sou uma lerda de primeira. Por exemplo, só ontem é que se fez luz na minha cabeça e me apercebi que, depois de pôr sal nalguma coisa, posso provar logo para ver se é preciso pôr mais. Não é preciso esperar que a comida esteja no prato para depois dizer, toda revoltada "porra, como é que ficou insosso outra vez?". Fui lerdinha.
Também como já vos falei, a semana passada foi totalmente dedicada à elaboração do meu relatório de estágio que, só assim por acaso, foi o meu último trabalho da licenciatura. Trabalhei a sério, durante horas e horas seguidas ao ponto de já me doerem os olhos por estar há tanto tempo em frente do computador. Escrevi capítulos e mais capítulos que, bem divididos, davam para um ano de posts do blog. Quando pus o último ponto final, o documento de Word marcava 73 páginas - na versão a ser impressa, porque tive que fazer uma versão digital que ficava com 120 páginas à pala dos anexos.
Inicialmente tinha decidido que ia imprimir três exemplares do meu relatório: um para a minha orientadora, outro para a outra professora que vai fazer parte do meu júri e um terceiro para a minha supervisora do estágio. Mais tarde, depois da discussão pública e de ter o meu diploma na mão, lá imprimiria uma versão para mim para a pôr ao lado do trabalho final da minha mãe. Graças a todos os santinhos que me desceu uma luz divina que me fez repensar este plano.
No dia em que ia imprimir decidi, no carro com a minha mãe, que só ia imprimir dois exemplares para as professoras. À minha supervisora do estágio, pessoa prática, enviaria a versão digital - que por acaso é aquela que está mais completa - e depois, caso fosse necessário, entregar-lhe-ia uma terceira versão impressa do meu relatório. Entrei na loja na qual tinha decidido que ia imprimir o relatório e lá fui eu toda contente.
Pedi dois exemplares, frente e verso e dois envelopes A4 para colocar cada um dos relatórios. Eu e a minha mãe ali ficámos a aguardar. A cada folha que saía da impressora, o meu estômago ficava um bocadinho mais pequeno. Estava realmente nervosa. E se alguma coisa me escapou? E se ficou desformatado? Olha, já era tarde para pensar nisso.
A minha mãe sugeriu uma capa dura. "És maluca!", disse eu. Escolhi argolas pretas, capa em acetato e um material mais resistente na parte de trás, a preto também. Depois, veio a parte mais demorada: contar cada uma das páginas a cores. "Contem bem, que agradeço que não se enganem." Disse a minha mãe. As meninas fizeram-lhe a vontade. Contaram tudo, uma a uma. No final, pediram NOVENTA E SEIS EUROS.
A minha mãe não teve qualquer reação. Pagou, agradeceu e veio embora. Se ela não me tivesse avisado, acho que ainda lá estava com cara de parva a olhar para as raparigas. O semestre passado fiz um trabalho de 130 páginas (menos 10 do que os dois relatórios juntos), fiz a mesma encadernação e paguei 30 euros. Na minha inocência, achei que isto rondava sempre os mesmo preços.
Conclusão: rapidamente me apercebi porque é que não havia fila na zona de impressões. Se calhar a única lerdinha sou eu, que não fazia ideia que uma página com três fotografias enormes a cores é o mesmo preço de uma página que só tenha cor no título. Lerda, lerda, lerda. A ver se na minha discussão pública do relatório me lembro de exigir subsídio de relatório e se no futuro próximo nunca mais volto a imprimir nada naquele estabelecimento que, por motivos óbvios, não vou revelar qual foi...........
........................ estou a gozar, foi na Staples. Mais vale lá ir comprar tinteiros e imprimir em casa.
Ser lerdinha é (Sinónimo de) Carmezim.
Marta.
