Mudar, mesmo quando te sentes satisfeito?
Tentar definir-me sempre foi um exercício muito complicado para mim. Definir os outros, até. Não sei, mas acho sempre que determinada característica sobressai em determinada situação e que noutra totalmente diferente posso ser exatamente o contrário. Fez sentido? Pois, provavelmente não! Lá está: é difícil para mim definir-me como quem descreve uma paisagem, por exemplo. Se calhar essa é a verdadeira beleza de ser um ser humano: como diz o Shrek, temos várias camadas, como uma cebola.
Vou tentar organizar melhor esta ideia, não só para que vocês me percebam, mas para eu própria ter a certeza de que me estou a entender a mim mesma. Tomemos como exemplo o facto de me considerar (e não considerar) uma pessoa espontânea. De uma maneira geral, não me considero uma pessoa espontânea. Não passo os dias a pensar em fazer uma viagem louca durante um mês sem nada preparado, por exemplo, e gosto sempre de ter tudo planeado até ao mais pequeno pormenor. Gosto de pensar (e pensar, e pensar, e pensar) em todos os cenários possíveis e imaginários e gosto de estar preparada para tudo.
Por outro lado, acho que são cada vez mais os pequenos momentos em que consigo, realmente, ser espontânea. Ainda no outro dia partilhei com vocês que nos últimos meses subi a dois palcos, sem qualquer ensaio. Disse-vos ainda que há uns tempos atrás isso seria completamente impensável e que agora tem acontecido com cada vez mais regularidade. Gosto de, do nada, ter uma ideia brilhante para surpreender alguém e simplesmente fazê-lo. Tenho um vídeo no meu canal, por exemplo, em que surpreendo a minha avó no seu aniversário: aquela ideia surgiu-me dez minutos antes de começar a gravar. E aconteceu. Acho que nestas situações consigo ser bastante espontânea. Acho.
O mesmo se aplica ao facto de me considerar uma pessoa tímida. Sou assim desde que me lembro: não falo muito quando estou rodeada de pessoas que não conheço muito bem, demoro a "ambientar-me", não adoro falar ao telefone e fico toda vermelha sempre que o meu pai me pede para falar em frente a outras pessoas, por exemplo, sobre o blog. Não gosto sequer de estar presente quando alguém assiste a algum vídeo meu a cantar. Sou tímida nestas e noutras tantas coisas. No entanto, sou também (geralmente) a pessoa que ri mais alto, que fala mais alto e que fala mais (especialmente depois de almoço). Sou tímida, mas subo a um palco para cantar. Sou tímida, mas meto uns vídeos no YouTube. Sou tímida, mas tenho a minha cara escarrapachada num blog na internet, blog esse que assino com o meu nome. Pelos vistos, sou um paradoxo ambulante.
Uma das poucas características que eu considero que se mantém, SEMPRE, em todas as situações da minha vida é o facto de ser perfeccionista. Já não olho tanto para esta característica como "quero ser a melhor em TUDO", mas mais como "se é para fazer, é para fazer bem feito" - acho que é uma maneira mais positiva de pôr as coisas, porque querer ser sempre a melhor é algo que se vai tornando não só insustentável como sufocante. Aprendi (ou vou aprendendo) que posso ir experimentando mais coisas, que posso fazer mais perguntas, mas acima de tudo que posso errar - mesmo que isso me assuste sempre um bocado.
Hoje dei de caras com uma oportunidade em que tenho pensado muito. Parecia de propósito. Nas últimas semanas tem sido aquela ideia que não me sai da cabeça e hoje apareceu ali, mesmo no meu ecrã de telemóvel. Se já pensava nisso, depois de ver isso hoje de manhã, ainda penso mais. Seria uma mudança de 180º graus. Uma maluqueira, se quiserem. E são este tipo de coisas, estilo reportagem da SIC "Muda de Vida", que deixam uma pessoa a pensar em todas as hipóteses e mais algumas.
Neste momento, tenho o meu lado espontâneo e o meu lado tímido a competir tipo anjo e diabo nos meus ombros.
Serão grandes mudanças (Sinónimo de) Carmeizm?
Marta.
