Esse tal professor que me deixou de queixo no chão foi o mesmo que me deixou completamente bloqueada durante a sua aula. Estou ali sentada nas cadeiras e sinto-me completamente à nora, a apanhar bonés, à caça de gambuzinos... tudo o que dê a entender que não estou a perceber grande coisa do que se está a passar. No último post que fiz sobre o mestrado disse-vos que tive dificuldade em encontrar espaço para falar. Desta vez esse espaço apareceu, mas da minha boca não saiu nada.

Fiquei envergonhadíssima. Tinha aquele professor, que já admiro tanto, a dirigir-se diretamente a mim e não fui capaz de dar uma para a caixa. Em duas vezes até acho que cheguei mesmo a ter que dizer "não sei", e isso para mim é uma das coisas que mais me incomoda, especialmente por ter todos os colegas a ouvir a conversa que o professor estava a tentar ter comigo. O senhor até ficou a achar que eu sou de comunicação e uma coisa vos digo, se eu acho que percebo pouco de história e arte, de comunicação então sem se fala.

Saí de lá desolada, desmotivada e com muitas dúvidas. Toda a gente na minha turma ou é de História ou História de Arte e sinto constantemente que me faltam bases que todos eles têm e que são essenciais para o que é falado, especialmente naquela aula. O que me faz ficar ligeiramente desmotivada é o facto de sentir que mesmo que me fechasse em casa a ler artigos e livros, iria demorar uns bons meses a ter os conhecimentos que alguns deles têm agora nesta fase inicial, em que, supostamente, os conteúdos são mais simples.

No dia seguinte a esta aula e depois de deitar mais umas lágrimas na noite anterior fui até à WOOK e fiz aquela que foi a minha maior encomenda até agora. Encomendei tudo o que tinha a ver com história e património para aproveitar os meses em que não vou trabalhar para me concentrar em adquirir conhecimentos que acho fundamentais e que eu não tenho. Toda esta frustação vem também porque eu não sei estas coisas por minha culpa: porque decorei só para o teste e esqueci, porque não voltei a ler sobre isso e mais uma lista infindável de erros que tantos estudantes cometem durante as licenciaturas.

Hoje, sinceramente, não quero ir à aula. Até o cheiro da sandes que trouxe para comer antes da aula me está a chatear. Por um lado sei que devia ir, não só porque os meus pais pagam para eu ter esta oportunidade, mas também porque a aula de hoje nem sequer é a do professor que me põe nervosa e com quem passei aquela vergonha a semana passada. Por outro lado sinto que devia ir para casa, porque até me estou a dar bem com a cadeira de hoje, e se calhar devia dedicar a tarde ao trabalho que tenho de entregar, esse sim, ao professor que me põe nervosa - trabalho esse que ainda hoje não sei o que fazer para ter aquilo bem feito.

Enfim, não é fácil. Adoro o meu trabalho e sei que daqui a uns meses estou de volta, mas não deixo de ficar um bocadinho triste por esta ser a última segunda feira que vos escrevo daqui, até ao final de 2017. Por outro lado acho que nunca precisei tanto de tempo para me enfiar numa biblioteca a ler até mais não. Mais que não seja para perceber o que raio diz o homem, que gostava tanto de entender.

Ter dificuldades também é (Sinónimo de) Carmezim.

Marta.