"Pasito à pasito" eu chego lá!
São 16h27. Estou com dores de barriga há pelo menos duas horas e o meu estômado só dá voltas e mais voltas. Apesar do frio estou a transpirar enquanto tenho as mãos e os pés gelados. Devem estar aí a pensar que pelos meus sintomas poderiam pensar que estou com um gripe, que estou terrivelmente doente e logo a dois dias do natal. Desenganem-se: é só uma carga de nervos gigante a sair-me de cima dos ombros.
Eu torturo-me com nervos. Cada vez tenho mais a certeza disso. Passei as duas últimas horas a pensar em tudo o que poderia correr mal na minha primeira chamada via skype. Chamada não: entrevista, daí tantos nervos, porque se fosse para ver a carinha laroca do meu Rapaz o meu estômago não estava neste estado lastimável.
Ontem tinha que marcar a hora desta entrevista. Acreditam que até me passou pela cabeça não responder, não marcar nada? Simplesmente porque achei que me iria atrapalhar toda, que seria constrangedor, e que não valeria de nada? Tão estúpida, sobretudo porque fui eu a contactar as pessoas num primeiro momento!! Obviamente que, sendo uma entrevista, poderia não dar mesmo em nada, mas eu também não tenho nada a perder, não é? Isto é um clássico Marta versão pita parva: não tenta nada senão tiver a certeza que se vai sair bem.
Graças a todos os santinhos que, embora a Marta versão pita tente fazer das suas e vir ao de cima de vez em quando, a Marta versão crescida tem tido mais força de vontade. Ontem, antes de clicar em "enviar" para marcar a hora da entrevista de hoje, pensei: "mas afinal, o que é que tu achas que tens menos coragem? Fazer a entrevista ou dizer a toda a gente que nem tentaste?" Perante esta pergunta, a Marta versão pita - pelo menos ontem - evaporou-se!
Hoje estava só a pensar em TUDO o que poderia correr mal. Ensaiei todas as respostas a todas as perguntas e mais algumas que me poderiam ser feitas só numa tentativa de não ser apanhada de surpresa. Não que isso tenha algo de mal, acontece a toda a gente, mas isso já seria motivo de mãos suadas para a Marta versão pita.
Obviamente que pode não dar em nada, mas também pode resultar. Acredito até que possa dar asas a outras oportunidades no futuro, quem sabe! O que queria dizer com este post é que por pouco que não fui parva sem razão nenhuma. Mas estou orgulhosa, porque sei que há uns anos me iria paralisar, assumir que não valeria a pena e esperar que ninguém se lembrasse de perguntar por aquilo.
Assim que a chamada terminou enviei uma mensagem em caps lock ao meu Rapaz a dizer "Estou tão feliz só por ter conseguido fazer a entrevista!". São pequenas vitórias, mas não deixam de saber bem. Como diria o outro, "pasito à pasito" e a Marta versão pita vai perdendo cada vez mais força!
Combater os nervos é (Sinónimo de) Carmezim.
Marta.
