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(Sinónimo de) Carmezim

(Sinónimo de) Carmezim

25
Mai18

Porque não subir ao palco?

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Faz hoje uma semana que estraguei as minhas unhas todas. Gosto tanto de ter as mãos arranjadas, fiz tanto esforço para as manter bonitas mesmo estando constantemente a mexer em peças... e num dia, mais até numa tarde, consegui estragar tudo. É que nem sobrou nem uma. Podia bastar tirar o verniz... oh!, mas não, isso era pouco! Também tive que as roer, a relembrar péssimos hábitos antigos. Porquê? Tudo porque, tal como partilhei convosco, no dia seguinte iria fazer a minha primeira comunicação a sério! 

 

Digo a sério porque foi para um público que não era constituído apenas por colegas de turma. Tecnicamente, uma grande percentagem deste público acabou por ser membros da minha família, mas só eu e eles é que sabiam disso. O resto da audiência pode ter ficado a achar que eram apenas um valente grupo de pessoas que se interessa imenso por etnologia. Ao resto das pessoas que foram agradeço profundamente, mesmo que nunca cheguem a este blog, porque assim sempre contribuiram para que eu me habitue a falar para pessoas que não conheço (e que a qualquer momento podem fazer perguntas!). 

 

Para quem não faz ideia do que estou a falar, no passado sábado, no âmbito das comemorações do Dia Internacional dos Museus, fui fazer uma pequena comunicação ao Museu Nacional de Etnologia sobre, assim de forma muito rápida, as dimensões imateriais de algumas das peças que constituem o acervo deste museu. Para aqueles que já me conhecem um bocadinho, acho que é escusado dizer que estava UMA PILHA de nervos. Dormi pouco durante a noite de sexta para sábado, sobretudo porque fiquei a treinar a minha comunicação até bem tarde e depois ainda acordei bem cedo para treinar no próprio dia (coisa que nunca tinha feito antes!). 

 

Curiosamente, lembro-me de muito pouca coisa no caminho de carro até ao museu, com o meu pai, a minha mãe e o meu Rapaz. Graças a Deus pelo Bruno de Carvalho e toda a escandaleira que por aí anda, que assim foram os três na conversa até Lisboa enquanto eu não disse uma única palavra o caminho todo. Ía, como costumo dizer, completamente fora dela. Só queria lá chegar e esperar que tudo corresse bem. Sem barracas. Como é clássico Marta Carmezim. 

 

Uma vez no museu, não tive outro remédio senão ainda me rir bastante com o professor que me levou para lá. Como fazer este tipo de coisas é a vida dele, ver-me ali agarrada aos meus papéis e a repetir o meu discurso na cabeça foi logo algo a que achou imensa piada. "Olha, a Marta está a estudar a lição!" e eu, como uma amiga minha costuma dizer, começava-me a rir de nervos. Obviamente que, só para fazer durar o meu sofrimento, o evento atrasou uma hora. Ou seja, à hora a que eu achava que já estaria despachada, ainda nem sequer tinha começado. 

 

"Então e preferem falar aqui em baixo ao pé da audiência ou subir ao palco?", perguntou o professor quando se decidiu que iria finalmente começar o evento. Ora, a resposta a esta pergunta para mim era óbvia. Tanto, que achei que toda a gente iria concordar comigo e por isso respondi logo: "então, vamos para o palco, não é?" e nisto olhei para os meus colegas que iam também fazer comunicações com aquele ar de "concordam, não concordam?". Não. Não, Marta. Nem toda a gente passou a infância a cantar Santa Maria em recitais para a família e a adolescência a cantarolar em concursos. Obviamente que nem toda a gente vê um palco e tem vontade de subir lá para cima - neste caso, eras só mesmo tu. Escusado será dizer que o professor teve que partilhar esta conversa com toda a audiência, dizendo que "algumas pessoas preferem fazer a comunicação no palco... só porque sim.". A verdade é que, mesmo que toda esta situação fosse uma mera brincadeira, ele até tinha razão.

 

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Fui a única a fazer a comunicação no palco. Quando chegou a minha vez, arrependi-me e ia começar a falar ali ao pé da audiência, mas rapidamente o meu professor me disse "Marta, tem que fazer o que quer, não o que os outros fizeram antes de si!" e assim que ouvi estas palavras encolhi os ombros e lá fui. Sinceramente, acho que foi a melhor coisa que fiz! Enquanto espectadora, gosto sempre mais de ouvir alguém que esteja num local de destaque: consigo ver melhor as suas expressões, os movimentos e ouço melhor o que está a ser dito. Acho mais interessante e por isso fico mais atenta, aprendo mais. E era isso que eu queria que as pessoas sentissem durante a minha comunicação - não sei se resultou ou não, mas eu tentei. 

 

Já estava tão nervosa, tão em pânico, que ao menos se era para fazer algo, então que fosse feito tal e qual como eu tinha imaginado. E foi isso mesmo que aconteceu! Ninguém me fez perguntas - ponto muito positivo - e ao fim do dia até as pernas me doíam de tão tensa que tinha estado até fazer a comunicação. Mesmo com todo esse stress e com dez unhas completamente estragadas, foi uma experiência espetacular. Adorei. Adorei a parte da investigação e adorei poder contar aquela história às pessoas. Espero mesmo que esta tenha sido apenas a primeira de muitas! 

 

Palco é (Sinónimo de) Carmezim.

Marta.

 

Sinonimo de Carmezim

Sou a Marta e gosto de escrever umas coisas de vez em quando.

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