Sem Spoilers #18 - American Horror Story
Este era outro daqueles post que eu já queria ter tido tempo para escrever. No entanto, digamos que festas de aniversário, trabalhos para o mestrado e Black Weekends - especialmente o Black Weekend - acabaram por sugar todos os segundinhos do meu relógio. O que vale é que ainda não passou uma semana desde que vi o último episódio da sétima temporada de American Horror Story e por isso ainda não me sinto propriamente atrasada a falar disto.
O que me desiludiu por essa internet fora? Não vi muita gente a falar sobre esta temporada da série, o que achei muito estranho. Depois de tanto se falar das temporadas anteriores, antes, durante e depois destas terem terminado, achei que o "sururu" seria ainda maior relativamente a esta nova temporada dado os temas que trata. Enganei-me, com muita pena minha. Tentei convencer muita gente a ver, mas até esses meus pedidos encarecidos passaram despercebidos. Pode ser que agora alguém fique curioso.
Vi todas as temporadas de American Horror Story, se bem que não as terminei todas. AHS é daquelas séries que, ou gostamos logo do tema que vai ser tratado, ou então nem vale a pena continuar porque vamos apenas achar tudo meio parvo. Apesar disso me ter acontecido com algumas temporadas - sobretudo com a quinta temporada que toda a gente parece ter adorado por ter a presença da Lady Gaga -, a maior parte delas foram, na minha opinião, muito bem conseguidas. Ah, para quem não está a compreender muito bem o meu raciocínio: cada temporada é independente de todas as outras, focando cada uma em mitos ou histórias de terror americanos.
De todas destaco a primeira temporada - a da casa assombrada -, a segunda - no asílio -, a quarta - Freack Show! - e esta sétima temporada que se foca sobre a temática dos cultos. Arrisco-me a dizer que esta sétima temporada, a par com a primeira, são as minhas temporadas preferidas de AHS. Fiquei logo com um ótimo feeling relativamente a esta temporada por, através do genérico, perceber que ia meter muito Trump à mistura. Não estava enganada.
A sétima temporada de AHS, Cult, é uma daquelas séries que nos prende e não nos larga mais até ao último episódio - e mesmo depois deste temos que ficar ali, a ver os créditos passar e, por um lado, dar graças por já ter terminado. Mas atenção: esse "dar graças" não é porque queriamos muito que a série terminasse, mas sim porque cada episódio é tão twisted e macabro que é quase um alívio não haver mais surpresas.
Esta é uma temporada que começa com a noite eleitoral nos Estados Unidos, Trump vs. Clinton. A partir daí vemos, não só indivíduos que parecem representar votantes de ambos os candidatos, como também assistimos ao crescente medo, incerteza e fanatismo que brota nos Estados Unidos a partir daquela noite. Tudo isto representado, filmado, interpretado com claras influências de grande obras de Alfred Hitchcock e até com um bocadinho de Stephen King. Um miminho, daqueles horríveis, que nos fazem querer ver os episódios em plena luz do dia porque à noite... pode doer.
Tal como o próprio nome da temporada indica, os radicalismos que se despertam depois da eleição de Trump tomam proporções tais que, sobretudo na segunda metade da temporada, vemos evocações a vários assassínos em série e psicopatas que marcaram a história dos Estados Unidos. Não só os vemos no ecrã - dos quais destaco Andy Warhol e Charles Manson - como também ficamos a conhecer as histórias por detrás dos cultos que criaram - servindo de inspiração para a trama central de AHS: Cult.
AHS: Cult está escrito de uma maneira absolutamente viciante e cativante, não só em termos de trama como também no que toca às personagens. Embora nunca tenham propriamente desiludido, nesta sétima temporada Sarah Paulson e Evan Peters estão absolutamente arrepiantes. Este último não só desempenha exemplarmente o papel de líder deste novo culto como também interpreta todos os outros líderes de outros cultos quando estes aparecem, em contexto de flashback.
Andy Warhol. Evan Peters enquanto Andy Warhol
Charles Manson. Evan Peters enquanto Charles Manson
A sétima temporada de American Horror Story é uma dura crítica e chamada de atenção aos fanatismos que estão na iminência de surgir, ao mesmo tempo que denunciam o estado e o papel dos media no meio das disputas políticas e no âmbito das tão aclamadas fake news. É um mito de terror do nosso tempo que, apesar de todos os sustos, aconselho a que espreitem. Deixo-vos o trailer aqui em baixo.
Boas séries são (Sinónimo de) Carmezim.
Marta.