Sobre uma Páscoa bonita
Espero que tenham tido uma Páscoa muito feliz, se isso for algo que festejam. Eu festejo, sempre festejei, mas é engraçado como esta altura do ano se está a tornar numa das minhas preferidas. Na minha família sempre fomos muito adeptos de grandes almoçaradas para nos juntarmos todos e a Páscoa sempre foi uma dessas alturas. No entanto, nunca foi uma época que eu adorasse particularmente como adoro o Natal, por exemplo. Nunca fui grande apreciadora de amêndoas ou de chocolate e os coelhos sempre foram um animal que me deixa um bocado desconfiada - algo não pode simplesmente ser assim tão fofinho.
Estas questões de crenças e perceções que que cada um constrói do mundo em seu redor são temas que nunca abordei aqui no blog e que, sinceramente, ainda não sinto à vontade suficiente para fazê-lo. Da mesma maneira que há muita gente a compreender e/ou a respeitar as crenças dos outros, também há muita gente (sobretudo por essa internet fora) que vai ter sempre uma palavra a dizer, um estereótipo qualquer... enfim. E verdade seja dita que a última coisa que quero é discutir com alguém que não conheço, sobre algo que essa pessoa não conhece também. Isso, e o facto de não querer que achem que estou para aqui a impingir algo.
A verdade é que, independentemente de se festejar ou não, de se entender estes dias como uma festa religiosa ou como uma ótima desculpa para nos empanturrarmos de doces, os últimos três dias foram realmente dias muito bonitos. Se há coisa que gosto é de ver crescer pequenas "tradições" que partilho com o meu Rapaz, com o desejo de continuarmos a praticá-las durante muitos mais anos. A Páscoa é uma dessas alturas do ano que nos habituámos a passar juntos, com algumas particularidades que a tornam estes dias ainda mais bonitos e ainda mais espiciais. Este ano não foi exceção. Aliás, este ano ainda foi melhor.
Na noite de sábado, ao lado do meu Rapaz, por duas vezes que me emocionei. Ele perguntou-me várias vezes porquê e eu não era capaz de lhe dar uma resposta lógica. Não sei, emocionei-me porque tudo aquilo era bonito e porque, quando olhava à volta e via crianças (tantas, mas tantas crianças!) com os pais, só pensava no quanto desejo que um dia sejamos também uma daquelas famílias que ali vão todos os anos naquela noite. Quando lhe pedi desculpa por ser uma chorona ele respondeu: "não faz mal, eu até gosto que chores nestas coisas. É sinal que estás mesmo, mesmo, mesmo a gostar."
Se o sábado foi um dia especial, sobretudo por ter sido passado ao lado do meu Rapaz, o domingo foi dia de estar com o resto da família. Se por um lado não sou a maioooor apreciadora de chocolate e amêndoas, o mesmo não posso dizer de coisas como cabrito ou borrego. Bem sei que este é um tema que pode ser sensível e não quero chocar ninguém com o que vou dizer a seguir, mas a verdade é que não há prato que me saiba melhor no domingo de Páscoa. É como o bacalhau no Natal: sabe diferente dos outros dias todos. Comemos, bebemo e rimos, em volta duma mesa cheia. Outro pormenor que vale a pena reter deste domingo de Páscoa foi o facto de uma das travessas que foi para a mesa, ser de borrego paleo. Parece mentira, mas é verdade, sobretudo porque tinha um sabor tal e qual o borrego não-paleo. Fiquei impressionadíssima e com muito menos peso na consciência.
Não esqueçamos a indumentária! Não tenho nenhuma fotografia decente porque sinceramente, o fim de semana estava a ser tão bom que não quis mesmo estar a "perder tempo" com redes sociais. Aliás, nem me lembrei sequer de pegar no telemóvel para fazer um instastories ou para tirar um fotografia. Tirei no fim, já com a cara meia desmaquilhada, mas quis registar o facto de ter voltado a vestir um vestido que já não saia do armário há, pelo menos, uns sete ou oito anos. De reter também que me serviu na perfeição, o que me fez ficar muito aliviada. Tivesse sido vestido apenas depois de almoço e diria que eram já efeitos do borrego paleo.
Espero, sinceramente, que tenham tido um fim de semana tão completo, tão repleto de tudo o que há de mais feliz na vida como o meu. A beleza da vida é que cada um faça dela o que bem entender, que a constrúa consoante o que o faz mais feliz. É maravilhoso, de dia para dia, de ano para ano, olhar as nossas construções, interpretações, tradições e significados e vê-las crescer em profundidade e em importância. Melhor ainda é quando temos com quem as partilhar. Espero que comecem esta semana com um sentimento de preenchimento tão grande ou ainda maior que o meu.
Desculpem o post meio abstrato, mas tentei explicar o melhor possível como me sinto depois de dias tão bonitos. Amanhã voltaremos a ser menos sérios, não se preocupem. Uma ótima semana!
Uma Páscoa feliz é (Sinónimo de) Carmezim.
Marta.