Vocês vão-me desculpar, mas vão ter que aturar esta minha semana mais complicada em que a questão do meu aumento de peso não me sai da cabeça. Acreditem, não é que não tenha mais tema nenhum para escrever - aliás, entrámos em Dezembro e eu ainda nem sequer fiz UM POST mais natalício -, mas digamos que toda esta situação me apanhou um bocadinho de surpresa.
Para melhorar tudo, tenho estado doente e por isso nem sequer tenho ido ao ginásio. Hoje já fui vestir o equipamento e tudo que é para não ter maneira de fugir. Hoje tenho que ir sem falta, se não a minha paranoia vai aumentar consideravelmente. Na companhia da minha tosse de cão e do meu nariz ranhoso, tenho passado os últimos dois dias a ler muito sobre dietas e alimentação no geral. Uma coisa vos digo: é assustador. Todos nós já sabemos que uma das coisas mais fáceis do mundo é depersarmo-nos no mundo online, mas ultimamente as minhas pesquisas têm caído pelos buracos mais negros.
Segunda feira, dia 4 de setembro de 2017. Hoje é o dia de voltar ao mundo real. A semana passada, no domingo dia 27 de agosto dei por mim deitada na cama, pronta para ir dormir e houve um pensamento que me passou pela cabeça do nada: "agora estás aqui toda nervosa, mas daqui a uma semana já foste à televisão e já fizeste anos." Pondo as coisas assim em perspetiva, as ânsias boas e os nervos maus ainda se tornam mais inúteis do que na realidade já sei que são. No entanto, tendo em conta a semana que se aproximava, eram um bocado inevitáveis.
Na quinta feira, durante a manhã enquanto trabalhava e olhava de cinco em cinco minutos para o relógio para ver quanto tempo faltava para ir para Carnaxide, os meus maiores medos eram: que os apresentadores tomassem um café turbinado e falassem tão rápido ao ponto de eu não perceber nada do que perguntavam e passar a entrevista a dizer "desculpe?"; sangrar do nariz em direto por estar nervosa e com calor; ficar com soluços algures durante a entrevista; suar tanto das mãos que o iPhone desse erro quando o tentasse desbloquear com a impressão digital. Como podem ver, os medos eram muitos. As probabilidades de eles se efetivamente realizarem, já não eram assim tantas.
Gosto de todos os dias vir aqui falar de alguma coisa diferente. Já tinha um tema programado para o meu post de hoje e assim que me lembrei dele, anotei-o. Entretanto, lembrei-me de outro ainda melhor! Quando a lampadazinha se acendeu por cima da minha cabeça fiquei mesmo contente porque tinha a certeza de que quando clicasse em "publicar" ia ficar mesmo orgulhosa do trabalho que tinha feito. Acontece que esse segundo tema, essa ideia absolutamente brilhante, não foi anotada. Resultado: esqueci-me de que epifania foi essa e cheguei à conclusão que se calhar está a chegar a altura de começar a tomar memofante ou lá como se chama.
Posto isto, vou-vos falar de uma experiência que me deixou bastante confusa. Tanto, que nem sei bem como me sentir em relação a ela. Curiosamente, está completamente ligada com meu post de ontem sobre as aplicações.
Lembram-se de ter dito que estava tudo bem, que estava a adorar as minhas aplicações de saúde e que não me parecia que me estivessem a ser enviadas mensagens subliminares? Pois, hoje de manhã fiquei um bocado confusa em relação a essas afirmações orgulhosas, de pulmão cheio, que fiz ontem.
Eram 22h30 quando terminei o meu duche e me preparei para ir para cama. Tinha preenchido os dados na app da menstruação, registando tudo o que tinha sentido ao longo do dia. Tinha, durante o jantar, alcançado mais uma vez o objetivo auto-imposto relativamente à quantidade de água a beber por dia. Tudo ok até aqui.
Deitei-me, peguei no volume dois de Guerra dos Tronos e li umas páginas. O Rapaz ligou, e apesar do cansaço de ambos, estivemos ainda uma horinha na conversa. Tão bom, maravilhoso, tudo ok. Despedimo-nos e eu sorria enquanto desligava o telemóvel. "Coisa mais linda de sua menina!"
Eram cerca de 23h35. Estava mais que na hora de ir dormir. Programei o despertador para as 8h30 da manhã, peguei nos fones e no ecrã do telemóvel já se lia "Make sure you get some Headspace" - o nome da app é mesmo muito bom, eu sei. Lá fui eu para o segundo dia do meu percurso de dez dias de speed meditação. Escolhi a faixa para a noite de ontem, arranjei uma posição confortável e preparei-me para apagar a luz. Não o fiz porque o senhor lá me disse para começar o exercício de ollhos abertos, tomando hoje consciência do espaço à minha volta. "Apago quando acabar", pensei.
O exercício lá começou. Incrível. Respiração no lugar, sentia-me cada vez mais capaz de esvaziar a mente de qualquer pensamento, muito mais do que no primeiro dia.
E pronto. Sim, é isto. Não me lembro de mais nada. Quando abri os olhos pensei "bem, vamos lá descansar. Esta app é mesmo relaxante." Tirei os fones, pu-los na mesinha de cabeceira, apaguei a luz, agarrei no telemóvel para o pôr a carregar - como todas as noites - e..... o relógio marcava 7h18 da manhã. Exato. Acreditem que se estão confusos a ler isto, eu tive vontade de bater com a cabeça na parede para perceber o que se tinha passado.
Eu tenho o sono leve. Acordo com brechas de luz se a persiana não estiver bem fechada, acordo com o vibrar dum telemóvel e às vezes até com o meu pai a ressonar no andar de baixo. Eu dormi cerca de oito horas, de luz acesa, de fones nos ouvidos, SEM ME MEXER!!! O telemóvel ainda estava em cima da minha barriga, tal e qual o deixara quando cliquei no play.
Se me perguntarem, digo-vos que tive uma noite santa. Nem sequer sonhei - que tem sido muito comum - e mesmo acordando uma hora antes do despertador, sentia que poderia começar ali o dia porque tinha descansado a sério. Claro que pode ter sido apenas uma noite bem dormida. Claro que poderia estar só mais cansada do que o normal. Azar que foi no segundo dia em que experimentei uma app na qual se ouve uma voz a dizer-te como respirar e que a maior parte das pessoas acha um bocado estranha. Epá, acontece..... certo?
Questionar se se foi hipnotizada é (Sinónimo de) Carmezim.
Bem, hoje custou-me tanto a levantar da cama que vocês nem imaginam. Adormeci no ombro do Rapaz em três segundo e o pobre coitado não me conseguiu acompanhar - faço já aqui o reparo à Barraqueiro Oeste, que faz autocarros para anões e o Rapaz, grande e possante, fica ali meio entalado.
Fui a primeira a chegar à sala de estudo da faculdade. Fui buscar um cappuccino e já fiz as minhas primeiras leituras do dia. Depois de escrever, vou adiantar trabalho para o seminário que vou ter hoje. Tudo isto, antes do meio dia. Apesar de ter custado um bocadinho (grande) a sair da cama e não estar com a cara a mais bonita de todas, admito que estou a gostar muito de me sentir produtiva.
Nos últimos dias tenho andado um bocado stressada, coisa que não tem facilitado as minhas noites de sono - semestre novo a começar, querer ir ao ginásio e não ter horas, os transportes que são um caos, a resposta do estágio que não chega... e por aí fora. Por essa razão, há uns dias respirei fundo e percebi que vou ter muitos momentos como este pela vida fora e que tenho de aprender a não me esquecer de mim nos entretantos. Para me ajudar, descobri a minha nova cena preferida: aplicações. Sim, as do telemóvel.
Estas coisas sempre me fascinaram mas nunca aderi porque não tinha um telemóvel bom, que não começasse a fumegar sempre que instalava alguma coisa nova. No Natal comprei um iPhone - e correndo o risco de soar um bocado Kardashian - mudou a minha vida. Adoro-o. Amo-o, até! Já para não falar que posso ter mil e quinhentas aplicações que aquilo parece que não é nada com ele, é tudo esteticamente muito mais bonito - e isso agrada-me muito.
Ontem foi dia de investir na minha pasta da "Saúde". Fiz o download de três aplicações - fora a de origem, que já me conta os passos e me faz um gráfico todo catita com as minhas horas de sono. Descarreguei uma para controlar o meu calendário menstrual, outra para beber água e outra - a minha preferida - para meditar.
O calendário menstrual é só engraçado. Faz-me todas as perguntas e mais algumas - como está a minha pele, o meu humor, que dores tive, os desejos, as horas de sono... e depois - claro! - faz-me outro gráfico desses que eu adoro com a minha evolução ao longo do ciclo. Chama-se Clue e é gira que se farta.
A da água tem sido um desafio. Chama-se "My Water" e o ecrã vai enchendo de água à medida que vamos bebendo ao longo do dia. Coloquei o meu objetivo diário para dois litros. Ontem bebi 107% do objetivo e quando fui para a cama dei uma palmadinha nas costas. Agora só preciso de uma app que me lembre de ir à casa de banho.
A de meditação chama-se "Headspace" e fiquei fã. Já falei várias vezes aqui de ansiedade e de haver muita coisa capaz de me tirar o sono - as minhas amigas dizem que é típico do meu signo e eu acredito nelas. Já disse que jamais irei ter uma filha a nascer em setembro. Por essa razão, decidi experimentar esta aplicação, aconselhada neste vídeo.
Até agora sei que tenho um percurso de dez dias. Cada dia tenho uma faixa para ouvir, com a duração de dez minutos. O objetivo é usar esses dez minutos para esvaziar a mente e concentrar-me em mim, no meu corpo e nos meus sentidos. Na faixa de ontem ouvia-se a voz mais calma do mundo - e masculina! - a dar-me instruções sobre como respirar e como tomar consciência do meu corpo. O que mais gostei foi do facto de ele - tenho que lhe arranjar um nome - mencionar várias vezes que, visto ser o primeiro dia, era normal que ainda fossem aparecendo vários pensamentos durante os dez minutos da faixa. Isso, acreditem ou não, dá um conforto extra porque não sentimos nem que estamos a fazer aquilo tudo mal nem que estamos a ser ridículos. Fiquei fã e acreditem que sou bastante cética em relação a estas coisas.
Perante o meu entusiasmo com a minha pasta da "Saúde", os meus pais questionaram-me se eu não estaria a deixar-me controlar pela tecnologia. Se calhar estou. Se calhar estou a ter a ilusão de escolha, quando na verdade estou a ser condicionada pelo Trump e os seus minions sem me aperceber. Se calhar - como me alertou o Rapaz em tom de brincadeira - estou a deixar que o moço da meditação me envie mensagens subliminares para o cérebro.
Mas epá... se me faz sentir melhor, ter uma pele mais bonita, saber quando vem aí o TPM e beber mais água, acho que posso viver com isso. Isto das apps e da tecnolodia é sempre um pau de dois bicos mas acho que se vivemos numa era com acesso a ferramentas que tornam hábitos diários numa coisa mais divertida, por que não aproveitar? Sim, os meus avós não tiveram nada disto e estão muito felizes e bem de saúde, muito obrigada. Mas as coisas estão cá, alguém perdeu tempo a inventar isto - mesmo que tenham sido os minions do Trump. Por que hei-de rejeitar uma app tão gira e substituí-la por uma lista mal amanhada, escrita à mão? Até agora ainda me sinto eu própria, não fiquei a sonhar com atentados que nunca aconteceram, por isso acho que está tudo bem. Vou dando o update, pelo sim pelo não.
Apps giras giras giras são (Sinónimo de) Carmezim.
Marta.
Sou a Marta e gosto de escrever umas coisas de vez em quando.
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