A semana passada foi bem melhor do que eu estava à espera. Custou um bocadinho, pontualmente, em situações e momentos muito específicos, mas de uma maneira geral, não deixou de ser uma boa semana. O meu Rapaz esteve fora, como costuma estar por esta altura do ano, e o ano passado foi um nadinha chato, para não dizer pior. A vantagem é perceber, na prática, que de ano para ano, as coisas que um dia foram inseguranças parvas minhas, agora já estão bem mais adormecidas. Fico feliz por ele ter esta experiência só dele - embora um dia queira também fazer tudo aquilo com ele. Ainda assim, é sempre bom quando percebemos que crescemos e que aquilo em que tanto trabalhamos está, realmente, a ter repercussões (positivas) na vida real.
Esta segunda feira em que vos escrevo marca o início da minha terceira semana a estudar e a trabalhar ao mesmo tempo. É também a última semana em que isto vai acontecer até ao final do ano e, sinceramente, acho que preciso mesmo de me concentrar numa coisa de cada vez.
Vim aqui ao blog há duas semanas toda contente falar de como estava feliz de ser agora aluna da NOVA, algo com que sonhei desde que visitei a faculdade no meu 10º ou 11º ano, mas é verdade que não voltei a dar nenhum update relativamente ao que se tem andado a passar. Sabem que no primeiro dia de aulas, faz hoje duas semanas, fartei-me de chorar. Fez-me lembrar aqueles mitos que ouço sobre quando o meu irmão entrou para o Colégio Militar. Os restantes dias de aulas dessa semana correram muito bem - num dos dias o professor não apareceu e com o outro, fiquei impressionadíssima. A semana passada, a segunda semana no mestrado e a trabalhar, voltou a não ser fácil.
Isto não anda mesmo nada fácil. Se no final da semana passada andei a correr para ser oficialmente adulta - que é, como quem diz, inscrever-me no centro de emprego - hoje a coisa não foi melhor. Ainda são só 10h30 da manhã, por isso imaginem. É engraçado ver como, às vezes, parece que há alguma coisa que nos diz que as coisas não vão correr como nós queremos - o que não quer dizer que seja necessariamente mau - logo à primeira tentativa.
Hoje era dia de ir tratar de outra coisa de adulto: a inscrição no mestrado. Durante o fim de semana refleti sobre as cadeiras a escolher para o primeiro semestre, li tudo o que havia para ler sobre propinas e juntei todo o papel e mais algum para correr tudo bem no momento da inscrição. Queria só despachar isto e não pensar mais em inscrições e burocracias chatas até setembro, quando começassem as aulas. Como diz o outro, "era o querias!".
Tenho uma relação de amor-ódio com números. Na escola sempre detestei matemática e mais tarde fisico-química e outras disciplinas que tais. Sorte a minha que tinha jeito para as outras e por isso a minha escolha em seguir humanidades no secundário não foi só para fugir à matemática. Nessa altura, detestava mesmo tudo o que metesse números.
Com o tempo fui percebendo que os números, às vezes, podem ser coisas giras. Engraçadas, até. Nos casos mais bonitos, podem medir o tempo que passamos com alguém de quem gostamos. São os dias de aniversário em que a família e os amigos se juntam. São os anos de uma pessoa, os anos de casamento, de namoro, os anos que se trabalha num determinado sítio - motivo de especial felicidade nos dias que correm. Podem ser os nove meses que faltam para uma criança nascer, o seu primeiro aniversário. Podem ser o número que vemos no extrato bancário quando recebemos o ordenado. Pode ser o "-70%" quando vemos aquela coisa que há tanto queríamos comprar e está finalmente em saldos. Os números podem ser muito felizes.
Sabem quando têm uma quantidade estúpida de coisas na cabeça e outras tantas coisas para fazer e parece que ninguém vos deixa? Sabem quando, se calhar, não são assim tantas coisas, mas começam a stressar tanto que parece que essa lista aumenta realmente? É como me sinto hoje.
Esta foi uma semana em que a minha ansiedade andou, de vez em quando, a dar o ar de sua graça. Sendo que nunca o fez de forma demasiado óbvia - algo que me deu imenso jeito, porque agora a trabalhar, isso seria, no mínimo, embaraçoso - a verdade é que a fui sentindo levemente. Tentei ao máximo abstrair-me dessas preocupações e fazer o meu dia a dia normalmente, como se nada fosse. Hoje acordei muito bem, comecei a trabalhar muito bem, mas agora a coisa está realmente complicada.
Este post poderia muito bem ser um post dos À Descoberta, porque apesar de não ser um restaurante, um hotel ou qualquer outro sítio propriamente dito que vos possa recomendar, foi para mim, efetivamente, uma descoberta. Foi uma descoberta daquelas que não te apanha propriamente de surpresa porque, no fundo, até já esperavas. No entanto, a surpresa não deixa de ser aqui um factor porque ultrapassou todas as tuas expectativas. Foi isso que me aconteceu há dois dias.
Tal como partilhei com vocês, a tarde de quinta feira passada não foi nada fácil. Foram quatro horas fechada no quarto em lágrimas, que aumentavam substancialmente quando começava a pensar no meu futuro. Felizmente, só eu é que achei o meu chumbo um verdadeiro drama. Eu detesto falhar, é mesmo algo que sei que tenho de aprender a saber lidar e isto foi um ótimo exercício, sobretudo por ter visto a reação das pessoas à minha volta. Para além dos meus pais que, espetacularmente, me deram força para olhar para a frente - que é como quem diz, para o exame -, tenho um Rapaz que me enche de mimos e me oferece o colo para chorar - ao mesmo tempo que faz o pino para me ver sorrir.