Por aqui é sabido que tirei a minha licenciatura na Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa, ali bem na Cidade Universitária. Se há coisa que me arrependo na minha licenciatura foi de, principalmente no primeiro ano, me ter deixado deslumbrar pelo facto de estudar numa cidade grande. Há esplanadas, há jardins, há eventos, há pessoas... e tudo isto misturado acaba por se traduzir em "pouco tempo para as aulas". Obviamente que as coisas não deveriam funcionar propriamente assim, mas a verdade é que foi quase inevitável.
Não digo que fiz a licenciatura com uma perna às costas porque se já acompanham o meu blog há pelo menos três meses sabem que andei aqui a chorar por causa de uma nota que pôs em causa o canudo. Felizmente correu tudo pelo melhor, mas é verdade que o grande grande esforço de toda a licenciatura concentrou-se nesse momento específico. Em várias alturas a minha mãe dizia-me que quando olhava para mim só se lembrava das diretas que teve que fazer durante a faculdade para acabar algum trabalho ou estudar para uma frequência. Eu? Nunca fiz nada do género. E atenção: não me estou a gabar. Estou apenas a reconhecer que, durante três anos de licenciatura, dei uns 70% de mim.
Tenho uma relação de amor-ódio com números. Na escola sempre detestei matemática e mais tarde fisico-química e outras disciplinas que tais. Sorte a minha que tinha jeito para as outras e por isso a minha escolha em seguir humanidades no secundário não foi só para fugir à matemática. Nessa altura, detestava mesmo tudo o que metesse números.
Com o tempo fui percebendo que os números, às vezes, podem ser coisas giras. Engraçadas, até. Nos casos mais bonitos, podem medir o tempo que passamos com alguém de quem gostamos. São os dias de aniversário em que a família e os amigos se juntam. São os anos de uma pessoa, os anos de casamento, de namoro, os anos que se trabalha num determinado sítio - motivo de especial felicidade nos dias que correm. Podem ser os nove meses que faltam para uma criança nascer, o seu primeiro aniversário. Podem ser o número que vemos no extrato bancário quando recebemos o ordenado. Pode ser o "-70%" quando vemos aquela coisa que há tanto queríamos comprar e está finalmente em saldos. Os números podem ser muito felizes.
Por definição, a palavra lerda - no sentido de se ser lerdo - diz respeito a uma pessoa estúpida ou pateta. Segundo esta definição acho que existem vários aspetos da vida quotidiana em que me posso inserir na categoria dos lerdinhos.
Já vos falei, por exemplo, da minha relação com a cozinha. Na cozinha acho que sou uma lerda de primeira. Por exemplo, só ontem é que se fez luz na minha cabeça e me apercebi que, depois de pôr sal nalguma coisa, posso provar logo para ver se é preciso pôr mais. Não é preciso esperar que a comida esteja no prato para depois dizer, toda revoltada "porra, como é que ficou insosso outra vez?". Fui lerdinha.
O passado dia 20 de maio foi o dia que, oficialmente, marcou o final da minha licenciatura. Eu fui um dos quatro mil estudantes que se juntou na manhã daquele dia de calor, na Alameda das Universidades da Cidade Universitária. Apesar da grande dose de trabalho deste semestre se concentrar sobretudo neste último mês, a Benção das Fitas é um momento incrível, independentemente das crenças ou do trabalho que ainda falte para termos o diploma na mão.
Não estive ao pé dos colegas que me acompanharam ao longo destes três anos e que tanto marcaram esta minha experiência. Não me inscrevi a tempo e por isso tive que os ver de longe, mas de todas as vezes que se ouvia o nome da nossa querida faculdade, gritei com eles. Cada vez que as suas pastas se ergueram, a minha fez exatamente o mesmo. Estive com eles, não estando. Fiquei "do lado de fora" junto de outras pessoas que também me acompanharam e me ajudaram tanto ao longo destes anos de licenciatura: os meus pais, as minhas avós e o meu Rapaz.
CONSEGUI! FINALMENTE CONSEGUI! Meus caros, este é um post muito, muito especial por várias razões. Primeiro, consegui alcançar um objetivo que tinha desde o primeiro dia do blog: escrever - e publicar - todos os dias da semana. Passaram sete dias e têm sete posts dos mais variados temas. É tempo de dar uma palmadinha no ombro e organizar-me de forma a que isto se torne a norma por aqui. Estou mesmo orgulhosa e feliz por finalmente ter conseguido escrever todos os dias!
Outra grande, grande razão pela qual este post é tão especial para mim é porque estou prestes a apresentar-vos a minha primeira colaboração! Ainda por cima é uma colaboração que me permitiu participar no meu primeiro vídeo de YouTube! A Beatriz Sousa, minha querida amiga e colaga de curso, convidou-me para aparecer no canal dela para falarmos - juntamente com a nossa colega e amiga Lena - um pouco das nossas experiências académicas, visto que estão a chegar ao fim. Foi uma conversa muito interessante que fluíu muito bem e acreditamos que possa ser um vídeo que vá ajudar futuros estudantes. Tentámos responder a algumas questões que nós gostaríamos de ter visto respondidas quando fizemos as nossas candidaturas.
O mês de abril está a chegar e, por muito óbvio que isto vos pareça, isso quer dizer que maio vem a seguir - ahm, não estavam à espera desta! Esse é o mês que realmente interessa este ano, para toda a minha família. Já mencionei aqui que o meu irmão mais velho se vai - finalmente - casar e eu acabo o curso, sendo a terceira mulher da minha família. Nós, a família, não falamos muito deste facto, mas é realmente algo de que me orgulho muito. Apesar de ter vários bons exemplos de excelentes profissionais na minha família, a verdade é que eu sou a primeira que faz parte duma geração na qual grande parte das pessoas tem um curso superior. Há uns anos atrás não era assim, e por isso fico muito orgulhosa de mim por ser a terceira mulher da família a licenciar-se, depois da minha tia e da minha mãe.