E escrever em casa, há quanto tempo não acontecia tal coisa? Hoje passei o meu feriado, literalmente, a dar ao dedo. Passei o dia inteiro em frente ao computador, a dar tudo aqui no teclado, no mesmo sítio que foi durante vários meses a minha workstation. Todos os dias era igual: assim que acabava de almoçar trazia o computador para esta mesa e escrevia o "post do dia". Na altura estava feliz, mas agora também é verdade que estou mais ainda com a minha nova rotina. Mas há que admitir: hoje quando me sentei aqui, e agora a escrever um post, deu-me algumas saudades desses dias em que as horas pareciam mais longas.
Tão bom que é acordar no meio do campo, com tudo verdinho. Tão bom que é conseguir ouvir o pica-pau residente perto de minha casa a martelar um poste de madeira lá ao lado. Que bom que é ouvir passarinhos e respirar o ar puro depois de um dia inteiro no meio da poluição da cidade. Acreditem, é mesmo bom. Mas viver no campo também é propício a encontros muito (mas mesmo muito) indesejados.
A semana passada foi bem melhor do que eu estava à espera. Custou um bocadinho, pontualmente, em situações e momentos muito específicos, mas de uma maneira geral, não deixou de ser uma boa semana. O meu Rapaz esteve fora, como costuma estar por esta altura do ano, e o ano passado foi um nadinha chato, para não dizer pior. A vantagem é perceber, na prática, que de ano para ano, as coisas que um dia foram inseguranças parvas minhas, agora já estão bem mais adormecidas. Fico feliz por ele ter esta experiência só dele - embora um dia queira também fazer tudo aquilo com ele. Ainda assim, é sempre bom quando percebemos que crescemos e que aquilo em que tanto trabalhamos está, realmente, a ter repercussões (positivas) na vida real.
É como me sinto hoje. Coincidência ou não, estou com um torcicolo, que pode até ser uma reação física a este atropelamente metafórico. Há uma palavra em inglês que define muito bem esta sensação e para a qual tenho sempre dificuldade em arranjar tradução para português: overwhelmed. O par mais próximo que lhe consigo arranjar é assoberbada. A sensação é realmente como a de um atropelamento: num momento parece que está tudo tranquilo e que conseguimos até ouvir os passarinhos e depois, PUMBA! Assim, de repente. Porque é que isto aconteceu? Porque parece que nunca aprendo. Posto isto, é natural que a minha secretária fica neste estado lastimável que - felizmente - nenhum de vocês consegue ver. Tipo materialização da minha cabeça.
Faz hoje um ano que escrevi sobre o Dia Internacional da Mulher - uau, a sério que já posso fazer referência a posts que já escrevi há um ano? Já fui procurá-lo e já o estive a reler. Desde que o escrevi que não tinha feito ainda esse exercício. Já o fiz com outros posts que me vou lembrando e fico cheia de vontade de os reler, mas com esse, por acaso, nunca tinha acontecido. Curioso, porque na altura até foi um dos posts com que recebi mais e melhor feedback numa altura em que o blog estava numa fase tão embrionária. Reli hoje e cheguei a algumas conclusões.
Eis o segundo livro de 2018. Depois deste, confesso que ando a portar-me um bocadinho mal. É complicado para mim mudar totalmente de género depois de ler uma distopia. Este é um daqueles livros que nos deixam com sensações reais, físicas. Fazem-nos parar para pensar, refletir e falar sobre aquilo que lemos. Se por um lado é complicado passar ao livro seguinte, é também complicado ler outro do género. É demasiado pesado e se forem leitores como eu, que investem bastante de vós nas leituras, chega a ser cansativo. É por isso que quem me segue no Goodreads tem visto aquilo assim meio que parado. Este fim de semana volto à carga, prometo! - até porque estou a ler Vinhas da Ira, de John Steinbeck.