Eu hoje ia falar sobre o quanto sempre gostei deste dia. Ia falar da Feira de Todos os Santos na minha terra e de como eu acordava completamente histérica porque via fichas para os carrinhos de choque em cima da minha mesa de cabeceira. Também vos ia falar do Pão por Deus, para o qual nunca me mascarei nem nada do género e ia contar-vos daquela vez em que uma senhora me ofereceu latas de salsicha e de como gostei muito mais de receber isso do que propriamente mais gomas.
Ia também falar-vos da única vez que brinquei "à noite das bruxas". Ia contar-vos que saí toda lampeira de casa durante a noite com uns amigos a pensarmos que íamos pregar imensas partidas, mas assim que outro grupo rebentou uma bombinha de qualquer coisa viemos todos, literalmente, a correr de volta para minha casa. Acabámos a noite, todos de mãos dadas, na minhas sala, cheios de medo porque decidimos ver o primeiro filme da saga Saw. Ía falar-vos sobre tudo isso, mas afinal não vou ser capaz porque acabei de ver a reportagem da jornalista Ana Leal, para a TVI, "Cartel do Fogo".
Espero que este seja o último post que escrevo sobre este tema. Até estava indecisa sobre se deveria sequer escrever mais uma vez sobre o que se tem passado no nosso país desde o fim de semana passado. Acendemos a televisão e somos bombardeados com imagens verdadeiramente arrepiantes de chamas a consumir casas e bens, ouvimos testemunhos de partir o coração daqueles que perderam uma vida inteira em meros segundos e assistimos a discussões políticas em direto que pouco parecem adiantar. Ligamos as redes sociais e os testemunhos continuam.
Não tiro legitimidade a nada disto. Eu também senti necessidade de partilhar a minha história, a minha experiência que foi tão pequena ao pé de algumas que tenho lido por essa internet fora. O que estou a querer dizer é que achei que se calhar não é preciso que mais uma pessoa fale disto, outra vez. 98% dos meus posts neste blog são de coisas que gosto, de momentos felizes ou situações caricatas porque é isso que, acima de tudo, gosto de partilhar e me dá gosto escrever. Não queria estar a massacrar mais ninguém com outro post tão triste. No entanto, decidi fazê-lo na mesma porque a vida, infelizmente, também é isto. Hoje falo-vos do "pós terror".
Para aqueles que ainda não sabem - não creio que tenha anunciado ao mundo - a minha vida mudou para melhor, muito melhor, nas últimas semanas porque comecei a usar Netflix. A oportunidade estava ali, mesmo à minha frente, e eu simplesmente não fui capaz e dizer que não. Se calhar esta não é melhor altura para me meter numa coisa destas visto que agora há que também começar a concertrar-me nas aulas... mas não deu. Teve que ser e sabe tão bem!
Dantes, quando a minha mãe me via durante demasiado tempo no computador ou na televisão a ver filmes ou séries costumava chamar-me a atenção para ir fazer algo de mais produtivo e eu não tinha grande justificação porque, ao fim ao cabo, ela tinha razão. Agora, se ela me chama a atenção posso dizer que estou a trabalhar e a juntar conteúdo para o blog, graças ao Sem Spoilers. Associando esta justificação perfeita ao facto de agora usar a aplicação da Nettflix surgiu a oportunidade de ver um filme do ano passado que me suscitou logo curiosidade na altura do seu lançamento: Imperium de Daniel Ragussis.
Tinha dois posts para partilhar com vocês hoje e estava indecisa sobre com qual deles deveria começar a semana. Um deles é engraçado e o outro é um relato de uma experiência pela qual já toda a gente já passou, mas que eu apenas usufruí ontem. Passei o dia decidida que ou seria um tema ou outro. Depois cheguei a casa, liguei a televisão e fui praticamente obrigada a mudar de ideias pela RTP1.
Já tinha ouvido falar na iniciativa, mas achei que só ia conseguir ver alguns vídeos no YouTube daqui a uns dias e quiçá cortados com comentários de jornais cor de rosa pelo meio. Afinal, o concerto "One Love Manchester" - ou "Ariana e Amigos" - estava a dar na nossa televisão, em direto. Se me seguem no instagram com certeza que se aperceberam que eu estava a perder a cabeça enquanto via o concerto.
Desde muito pequena que gosto de música. Há vídeos meus cá em casa que mostram isso mesmo. Num dos meus preferidos apareço ainda sem saber andar, segurada pela minha mãe que me mantém de pé, dou às pernas que nem uma louca enquanto sorrio a ouvir O Calhambeque do Roberto Carlos. Depois cresci e comecei a cantarolar, adorava que me ouvissem cantar. Lembro-me de com os meus quatro anos o meu passatempo preferido ser ficar sentada numa cadeira em frente à aparelhagem, de headphones ligados à mesma, enquanto ouvia o álbum dos Silence Four.
Dos Silence Four rapidamente passei para os Santa Maria - sim, eu sei, é estranho. Gostava de ficar a dançar e a cantar em frente à televisão e os meus momentos preferidos foram aqueles em que os Santa Maria iam ao Big Show SIC. Dançava como aquelas bailarinas meias descascadas e cantava "eu sei, tu és, a minha loucura... - e como não percebia o que ela dizia depois disso, acrescentava "... que cheira mal dos pés." Estas são algumas das melhores memórias que tenho da minha infância.