Uns saltinhos de cada vez
O casamento de que vos falei a semana passada vai acontecer dentro de quatro dias, o que quer dizer que na próxima semana vão poder esperar uma enxurrada de fotografias tiradas nesse dia. Por essa razão, é importante falar de algo que agora parece moda ser falado, mas que sempre foi óbvio: nem tudo o que parece é, especialmente se estivermos a falar de fotografias nas redes sociais. Se para a semana olharem para alguma das minhas fotografias, com a minha indumentária super bem pensada e de sorriso estampado na cara, lembrem-se sempre: hei-de estar com certeza muito feliz, mas as probabilidades de eu estar cheia de dores nos pés são bastante elevadas.
No post da semana passada que dediquei às compras que fiz para este casamento, partilhei convosco os sapatos pelos quais me apaixonei e que achei que ficavam a matar no look que tinha escolhido. Achei que davam o toque perfeito de elegante e clássico a um vestido jovial e leve. Eram perfeitos. São perfeitos. Conto até usá-los mais vezes - porque sendo pretos, vão certamente ser adequados para outras ocasiões. Porém, importa não esquecer um pormenor muito importante: têm 10 centímetros de altura.
Para algumas pessoas esses dez centímetros podem ser o equivalente àquilo que são para mim uns ténis com plataforma, mas para alguém que passa os dias de ténis e mocassins... é um bocadinho assustador pensar em estar um dia inteiro em cima desses saltos. Se acho impossível? Claro que não, até porque deixariam de ser sapatos se ninguém fosse capaz de andar neles. É só uma questão de treino... certo?
Já os comprei há mais de uma semana e neste momento, a quatro dias do casamento, tenho que admitir: fui burra. Devia ter começado a andar neles todos os dias desde que os comprei!! Há pelo menos sete dias que os sapatos estão na minha sapateira e já podia tê-los calçado em casa para me ir habituando ao salto e a estar tão alta. Mas nãaaaaaaaaooooo, a Marta acredita que lá porque quer muito usar estes sapatos, vai conseguir aguentar-se ali super linda e elegante durante um dia inteiro sem qualquer tipo de dor nem sofrimento. Obviamente que a Marta acredita que basta desejar muito pelo melhor que ele acontece por magia. Só que não!
Ontem experimentei os sapatos e decidi ir cozinha com eles. Só a imagem já é engrada: de pijama, com toalha na cabeça depois do banho e a fazer panquecas para o lanche do dia seguinte com saltões altos lindos e maravilhosos. Não fotografei (burra!), mas esse foi o cenário real em minha casa ontem à noite. Estive cerca de uma hora em pé com eles calçados e tenho que admitir: não foi tão mau quanto esperava. Descobri que vou ter que pôr um pó de talco e até já tenho aquelas almofadinhas que agora se usam, mas durante "os treinos" quero que seja tudo ao natural. Sem truques. Só o meu rico pézinho em cima de uns saltos de 10 centímetros.
Achei que essa primeira hora tinha sido um bom treino, foi uma forma de me preparar para o tempo que se tem que estar de pé durante a missa. Depois pensei naquilo que mais se faz num casamento: dançar. Logo eu, que quando ouço música não consigo estar parada, precisava mesmo de treinar esta parte. Também não correu mal de todo. Pus o Sauvemente do Elvis Crespo e dancei que nem um episódio do Dança com as Estrelas. Não caí, não parti nenhum pé e dancei a sério. O pior foi a seguir.
Se enquanto dançava tive a sensação de que aquele desconfortozinho, que senti enquanto estava em pé, passava muito mais despercebido, a coisa mudou de figura quando quis andar depois de dançar. Parecia uma coxa. Não há outra maneira de vos descrever melhor. Não verbalizei o desconforto (para não dizer pior) que senti depois de dançar UMA MÚSICA, mas que custou a bastante a ir da cozinha à sala, isso não posso negar.
Deu para descobrir que ficando um bocadinho sentada, a situação desce um nível ou dois do espectro do "PORRA QUE ISTO DÓI", mas também é verdade que não quero sentar-me música sim, música não, só por causa de ter uns sapatos lindos de morrer. Ainda não perdi a esperança e acredito que daqui a quatro dias, com treinos diários a aumentar de intensidade, no sábado vai custar muito menos e já vou ter uma maior resistências aos ditos cujos. Pelo sim, pelo não, já me mentalizei que vou ter que fazer uma coisa que sempre critiquei: levar uns sapatinhos mais baixos dentro da mala.
Salto alto há-de ser (Sinónimo de) Carmezim.
Marta.